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Não basta caçar baleias e aumentar a produção de gás e petróleo, a Noruega quer também explorar minérios em alto mar, no Ártico

Não basta caçar baleias e aumentar a produção de gás e petróleo, a Noruega quer também explorar minérios em alto mar, no Ártico

Enquanto o mundo busca soluções para reduzir impacto ambiental e emissões de gases de efeito estufa, o parlamento da Noruega anunciou a adoção de um plano que libera parte de seu fundo marinho à exploração de minérios

Inicialmente, trata-se da autorização de estudos de viabilidade da exploração de manganês e sulfetos numa área de 281 mil km2 em torno do arquipélago de Svalbard, no círculo polar do Ártico

Essa licença aprovada pelo Parlamento já parece sinalizar apoio integral à essa atividade, mas, para que o país possa efetivamente fazê-lo, ainda precisará de novas aprovações dos parlamentares. 

Adicionar a exploração de minérios no fundo do mar a seu cardápio insustentável de atividades econômicas é um contrassenso, sim, no entanto, é desse dinheiro que saem os investimentos para a transição energética do país e a proteção da floresta amazônica, por exemplo.

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É dos altos montantes obtidos com os combustíveis fósseis, por exemplo, que saem os investimentos do fundo soberano da Noruega – que investe no Brasil e em outros países – e do Fundo Amazônia (em dezembro de 2023, doou mais R$ 245 milhões). E, ainda, para a descarbonização da economia no país e a eletrificação de sua frota de carros (80% já são novos).

Por isso, mesmo após diversas advertências de especialistas e sob protestos massivos de ativistas, pesqueiros e da comunidade internacional, o Parlamento abriu caminho (foram 80 votos a favor e 20 contra) para a mineração gradual, que poderá ter impacto devastador na vida marinha, numa região pouco conhecida.  

Repercussão

Agência Ambiental Norueguesa alerta para os riscos da exploração, alegando que “não há dados suficientes para garantir a segurança da operação”, conta o jornalista Marcelo Leite em artigo.

União Europeia também se opõe à decisão do parlamento norueguês: 120 legisladores da UE solicitaram proibição temporária devido “ao risco para a biodiversidade marinha e aceleração das alterações climáticas” e, também, à falta de conhecimento científico do país sobre a relevância ambiental da região. O Reino Unido também é contra.

“Revolver a crosta terrestre ali quase pode destruir comunidades de organismos na base da cadeia alimentar marinha”, nos lembra Leite. 

Por outro lado, o Tratado de Svalbard, assinado por 48 países em 1920 e que reconhece a soberania da Noruega sobre a região, não permitem que o país explore a região sozinho. 

Todos os países participantes têm “direitos iguais”, portanto, também têm acesso aos recursos naturais. Sendo assim, a Noruega não tem direito exclusivo sobre os minérios depositados naquele fundo de mar. 

Todos estão de olho no sulfeto e no manganês, mas também no lítio, cobalto, níquel e nióbio, todos “matérias-primas imprescindíveis para a transição energética: de baterias de carros elétricos e celulares a turbinas eólicas de última geração”, destaca Leite.

Além disso, outros países – como Rússia, EUA (Alasca) e Canadá, com partes localizadas em torno de Svalbard, no Oceano Ártico, e que têm tradição mineradora – podem disputar a soberania da Noruega sobre tais jazidas, numa região já castigada pela pesca predatória do bacalhau, em declínio. 

Como ficam a imagem e a credibilidade da Noruega e de todos os interessados (ou envolvidos) nessa exploração, neste momento da humanidade?
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Fontes: G1, Folha SP, Greenpeace, Euronews

Foto: Jenny Zhang/Unsplash

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