Uma operação internacional com a participação de mais de 130 países, entre eles o Brasil, conseguiu apreender milhares de animais, partes de corpos de outros mortos, além de plantas e madeira, que estavam sendo comercializados ilegalmente.
Batizada de Thunder (Trovão, em inglês), a operação que ocorre anualmente desde 2017 e é coordenada pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), em parceria com a Organização Mundial das Alfândegas (WCO), foi realizada no mês de outubro e teve seus resultados divulgados agora.
Foram feitas 2.114 apreensões e 500 pessoas foram presas. Entre o que foi confiscado estavam mais de 300 kg de marfim, milhares de ovos de tartarugas, 30 toneladas de plantas, assim como toras de madeira de espécies ameaçadas e partes de animais como onças, elefantes e chifres de rinocerontes.
Chifres apreendidos na Argentina durante a Operação Thunder 2023
(Foto: divulgação Interpol)
Entre os bichos vivos apreendidos estavam micos, papagaios e pangolins, considerada a espécie mais traficada do mundo (leia mais aqui).
Durante a operação, a Polícia Federal do Brasil apreendeu ovos de aves protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES) no Aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná.
“Estes crimes terríveis não só privam o mundo de animais e plantas únicos, mas também os países dos seus ativos e recursos naturais. Os custos para as comunidades são ainda maiores, porque, como mostra esta operação, quase todos os crimes ambientais têm ligações com outras formas de crime, incluindo violência, corrupção e crime financeiro, mas também têm fortes ligações com grupos transnacionais de crime organizado”, ressalta Jürgen Stock, secretário-geral da Interpol.
Pangolim vivo encontrado na fronteira de Moçambique
(Foto: divulgação Interpol)
Entre os principais pontos levantados como resultado da ação que envolveu agentes de aduana e policiais federais e ambientais estão:
– 60% dos casos de tráfico de vida selvagem estavam ligados a grupos transnacionais de crime organizado, que operam ao longo de rotas também conhecidas pelo contrabando de outros produtos ilegais;
– répteis e animais marinhos estão sendo explorados para a moda de marcas de luxo;
– plataformas de vendas online ainda são utilizadas para o comércio de animais silvestres, madeira e produtos marinhos;
– madeira ilegal e legal são misturadas para transporte para dificultar a detecção de madeira extraída ilegalmente;
– grupos transnacionais do crime organizado recorrem a elevados níveis de fraude documental, especialmente através da utilização de certificações falsificadas e de autorizações CITES e de reutilização de autorizações.
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Foto de abertura: divulgação Interpol