A administração do Parque Nacional de Galápagos, um dos maiores hotspots de biodiversidade do mundo, anunciou há poucos dias que foram detectados os primeiros casos de mortes de aves contaminadas com a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) – H5N1, a gripe aviária.
Inicialmente das cinco aves testadas, três delas apresentaram resultado positivo para a doença. Todavia, os exames foram enviados para um Centro Público de Pesquisa Médica, em Guayaquil, para uma segunda confirmação.
Com a descoberta dos casos, foram implementados protocolos de biossegurança para tentar evitar a disseminação da gripe aviária pelas demais ilhas. Os locais onde as aves doentes foram encontradas estão fechados à visitação pública: San Cristóbal e de maneira preventiva, Punta Suarez e Punta Cevallos.
Operadoras de turismo que atuam na região também foram alertadas e a recomendação é que cuidados sanitários extras, como a desinfecção de sapatos e roupas, sejam tomados por visitantes em Galápagos.
“Lamentamos profundamente a chegada deste vírus a Galápagos. Mobilizamos todos os nossos recursos e especialistas para implementar medidas que reduzam o seu impacto neste ecossistema único. Fazemos uma recomendação urgente à população: não toquem ou peguem aves doentes ou mortas”, alertou José Antonio Dávalos, ministro do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica do Equador.
Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Galápagos é um arquipélago com treze ilhas, que ficam espalhadas em quase 8 mil km2, um dos mais intocados habitats de vida selvagem do planeta, referência de estudo para muitos pesquisadores e local que teve extrema importância para a elaboração da Teoria da Evolução, do naturalista inglês Charles Darwin.
O arquipélago de Galápagos é habitat de mais de 45 espécies de aves endêmicas (que só são encontradas ali e em nenhuma outra parte do mundo), 42 de répteis, 15 de mamíferos e 79 de peixes.
Equipe em Galápagos recolhe amostras para serem encaminhadas para exames em laboratórios
(Foto: divulgação Parque Nacional Galápagos)
Brasil tem aumento de registros de gripe aviária
Nas últimas semanas, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) registrou novos casos da doença. Atualmente já são 106 focos de gripe aviária. Cada foco é uma unidade epidemiológica na qual foi diagnosticado pelo menos um caso de H5N1.
Até este momento, a grande maioria das ocorrências na costa brasileira foram em aves silvestres, sobretudo da espécie trinta-réis-de-bando. Houve apenas tr6es ocorrências da doença em aves de subsistência, no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e na Bahia. Mas nenhum criação comercial foi contaminada.
Esta semana o governo do Japão anunciou que suspendeu temporariamente a importação de ovos, da carne de aves e de seus subprodutos com origem no Mato Grosso do Sul, após a confirmação de um foco da influenza aviária no município de Bonito.
Na plataforma online de consulta do Mapa é possível checar atualizações diárias sobre investigações em andamento e novos casos registrados.
A gripe aviária
O vírus H5N1, que provoca a gripe aviária, é altamente contagioso. Poucos dias após a contaminação, os sintomas já ficam visíveis, como paralisia e inchaço de partes do corpo, e vários órgãos param de funcionar. O sistema neurológico é comprometido e os animais começam a apresentar tremores. A taxa de mortalidade chega a 90%.
As aves migratórias, principalmente as aquáticas, são apontadas como as principais responsáveis pela transmissão da gripe aviária.
Em maio o governo federal declarou emergência zoossanitária no país e criou um Centro de Operações de Emergência para coordenar ações nacionais, envolvendo os ministérios da Agricultura e Pecuária, do Meio Ambiente e da Saúde.
Recomendações à população
– Apesar de rara, pode haver a transmissão da influenza aviária para o homem, por meio do contato direto com aves doentes ou mortas ou ainda por água e objetos contaminados;
– Não toque ou recolha aves suspeitas, doentes ou mortas;
– Apesar de rara, pode haver a transmissão da influenza aviária para o homem, por meio do contato direto com aves doentes ou mortas ou ainda por água e objetos contaminados;
– O Brasil continua livre de influenza aviária na criação comercial e mantém seu status de livre de influenza aviária, exportando seus produtos para consumo de forma segura. O consumo de carne e ovos se mantém seguro no país;
– Se notar uma ave com sintomas como tremor, andar cambaleante ou dificuldade respiratória, comunique às autoridades ambientais de sua cidade ou o Serviço Veterinário Oficial, por meio dos contatos disponíveis aqui e/ou pelo e-Sisbravet.
Orientações a produtores
- Intensificar as medidas de biosseguridade
- Proibir terminantemente qualquer tipo de visita às unidades de produção
- Conferir cercamento de núcleo e telamento de galpão
- Manter o portão de acesso da propriedade fechado
- Desinfecção de veículos em pleno funcionamento
- Desinfecção de materiais que acessem a granja
- Uso de roupas e calçados exclusivos no acesso à granja
- Pedilúvio no acesso aos núcleos e aos galpões
- Realização de vazio sanitário
- Cuidados com a ração
- Cuidados com a água (fonte de qualidade, tratamento, reservatórios íntegros e cobertos)
- Controle de pragas
- Treinamento de equipe
- Restringir criação de aves pelos funcionários
- Evitar visitas em locais com aves silvestres
- Ausência de outras aves na propriedade
- Se participou de evento relacionado ao setor, cumprir vazio sanitário de 72 horas
- Se participou de outro tipo troca de roupas e cumprir os protocolos de biosseguridade
- Entre outras ações, reforçando todas as medidas adotadas, conforme aInstrução Normativa do MAPA nº 56/2007.
Leia também:
Quase 9 mil animais marinhos já morreram de gripe aviária na costa do Chile
Íris dos olhos de gansos que sobrevivem à gripe aviária mudam de cor
ICMBio alerta moradores e turistas a ficarem distantes de aves em Fernando de Noronha por causa de gripe aviária
Foto de abertura: divulgação Parque Nacional Galápagos