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Em registro raro, onça-pintada é avistada sobre um “paliteiro” no Pantanal

Em registro raro, onça-pintada é avistada sobre um "paliteiro" no Pantanal

“Eu estava navegando no rio Paraguai, procurando paliteiros, que são cicatrizes do fogo. Foi quando eu vi, contra-luz, o que parecia ser um acúmulo de vegetação que se assemelhava ao formato de uma onça. O que me chamou a atenção! Não falei para ninguém. Fui chegando, chegando perto e quando eu enxerguei o formato das patas e as rosetas. Eu não estava acreditando. Era um sol muito forte, uma madeira carbonizada. E comentei que poderia ser uma onça. Depois que eu falei para o pessoal do barco foi uma emoção geral. Para mim, foi como um sinal. Porque tinha sido um dia complicado e aquilo corou toda uma expedição. A gente perdeu a noção do tempo. Perdemos o almoço e olha que o almoço é importante. Nem sei como explicar como essa onça-pintada estava ali, daquele jeito, naquele lugar. É uma força da natureza”, contou Sérgio Barreto, biólogo do Instituto Homem-Pantaneiro (IHP).

Barreto foi o primeiro a fazer o raro e incrível avistamento. Logo em seguida, os demais integrantes da expedição começaram a fotografar a fêmea.

Segundo Diego Viana, médico-veterinário e coordenador do Programa Felinos Pantaneiros, em oito anos do projeto, diversos avistamentos já ocorreram, mas nunca antes tinha sido observado uma onça-pintada em cima de uma árvore nessa região de Miranda, no Mato Grosso do Sul.

E o que faz o flagrante ainda mais especial é que esse paliteiro é uma árvore que foi totalmente destruída, assim como a vegetação em seu entorno, pelos incêndios que devastaram o bioma em 2020.

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“A árvore é emblemática para gente, como pantaneiro, pesquisador. Ela foi queimada anteriormente, mostra essa cicatriz do passado. E agora pode estar servindo de refúgio”, diz ele.

O veterinário reforça como o tempo é essencial para a restauração da natureza, pois esse não é um processo rápido e precisa ser acompanhado pela ciência.

“Temos um predador no topo da cadeia alimentar mostrando que aquele habitat ainda é viável, porém é fundamental ter a atenção de prevenir novos incêndios naquela região”, alerta.

Outro fato interessante no encontro é ser mais uma evidência que comprova o relato publicado por pesquisadores do Onçafari, Panthera, SOS Pantanal, Instituto Pró-carnívoros, USP e UFRS, em artigo científico, sobre o comportamento de onças fêmeas, em geral com filhotes, de buscarem proteção em cima de árvores.

“Na publicação os autores relatam que a grande maioria dos animais observados em árvores são fêmeas com filhotes ou fêmeas, um padrão registrado em Miranda e que tende a ser normal em outras regiões do Pantanal também”, ressalta Diego.

Em registro raro, onça-pintada é avistada sobre um "paliteiro" no Pantanal

A onça fêmea, no topo do paliteiro, árvore que foi completamente queimada
nos incêndios de 2020 no Pantanal
(Foto: Diego Viana)

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Foto de abertura: Diego Viana

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