Em uma das cerimônias mais concorridas do primeiro escalão do governo Lula, Marina Silva tomou posse como ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática nesta quarta-feira em Brasília. Ela volta ao cargo, o qual esteve à frente entre 2003 e 2008. Eleita deputada federal por São Paulo em novembro, seu nome sempre foi uma unanimidade para o posto.
Marina começou seu discurso agradecendo a presença das centenas de pessoas que fizeram questão de estar ali num momento tão importante, que marca a transição para uma administração que promete estar comprometida com a questão ambiental e a conservação da biodiversidade do nosso país.
“A tarefa não é minha, é do povo brasileiro. É uma tarefa política, que se coloca à altura do desafio que o mundo espera de nós”, afirmou ela, que é filha de seringueiros, nascida no Acre, e conhece como poucos a Amazônia.
Em sua fala, a nova ministra não deixou de mencionar o apoio e a importância dos servidores dos órgãos de proteção ambiental do Brasil, como o Ibama e o ICMBio. Salientou a resistência que tiveram durante os últimos quatro anos, quando eles foram duramente atacados pelo governo Bolsonaro.
“Sou tomada pela preocupação, estarrecimento e tristeza em ver que esse palácio [do Planalto] foi palco de vários atos contra a democracia, contra o povo, contra a ciência e saúde, contra o meio ambiente, contra os interesses econômicos do Brasil, enfim, contra a própria vida”, disse ela. “O que vimos nos últimos anos foi um completo desrespeito com o patrimônio socioambiental brasileiro. Nossas unidades de conservação foram atacadas por pessoas incentivadas pelo mais alto escalão do governo. Boiadas passaram no local onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental… O Brasil que antes era visto como um expoente na área ambiental, passou a ser tido como um pária mundial”, lamentou.
A ministra citou a inclusão de “Mudança Climática” ao nome do Ministério do Meio Ambiente, que continua tendo a sigla MMA, e a criação da Secretaria Nacional de Segurança Climática, assim como a futura nomeação de uma autoridade especial para o setor e também um conselho.
“A autoridade nacional de segurança climática, proposta que submeti ao presidente, terá como finalidade produzir subsídios para implementação da política nacional do clima, melhorar implementações de metas, investigação, adaptação e supervisionar instrumentos, programas e ações para implementação da política nacional sobre mudança do clima. A submissão final deve ser no final de abril”, revelou.
Foi anunciada ainda a criação da Secretaria Extraordinária de Combate ao Desmatamento. “Quando alcançarmos a meta do desmatamento zero, como o presidente Lula se comprometeu, a secretaria acaba”, disse Marina.
Certamente essa será uma das tarefas mais difíceis a serem enfrentadas pela atual ministra. Bolsonaro deixou um legado de uma alta de 60% no desmatamento da Amazônia, em relação aos quatro anos anteriores (governos de Dilma Rousseff e de Michel Temer).
Ao final, aplaudida de pé pelos presentes, Marina ressaltou que sob seu comando, o Ministério do Meio Ambiente não será um entrave para o desenvolvimento do país, mas um facilitador.
“A sustentabilidade não é uma maneira só de fazer, é uma maneira de ser. É uma visão de mundo, é um ideal de vida. Esse ideal está tomando conta do mundo. Os nossos filhos, os nossos netos já nascerão sustentabilistas. Uns serão conservadores, outros progressistas, uns capitalistas, outros socialistas, mas todos serão sustentabilistas”, finalizou.
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Foto de abertura: reprodução Facebook Marina Silva/Bernard Ferreira