A brasileira Ivete Sangalo foi uma das grandes atrações da última noite de show do Rock in Rio, que terminou no último domingo (11/09). A cantora baiana é a que mais marcou presença no festival até hoje, tendo sido a apresentação de ontem a sua 17a na história do evento.
Como sempre, Ivete empolgou o público com seus sucessos e sua alegria e simpatia sempre contagiantes. Mas dessa vez, a artista que sempre evitou se manifestar sobre política, usou o palco para fazer um protesto contra a proliferação de armas no Brasil e o incentivo do atual governo ao armamento da população civil.
Após cantar “Muito Obrigado Axé”, ela falou: “A gente não precisa de armas, a gente precisa de amor, Deus não acredita na violência, acredita no amor.”
Logo em seguida, Ivete fez um discurso sobre liberdade e as eleições:
“Existem muitas famílias e todas elas são muito poderosas. E são todas essas famílias e pessoas de diferentes maneiras que fazem desse país um país livre, e que merece continuar sendo livre e conhecido como um país da alegria, da educação, da arte, do povo forte, rico e poderoso que nós somos. E nós vamos continuar sendo, porque nada vai nos impedir. Dia 2, vamos mudar tudo!”, finalizou.
Mostramos aqui recentemente, nessa outra reportagem, que o registro de armas por caçadores, atiradores e colecionadores quase triplicou em três anos no Brasil: na Amazônia o aumento foi de 300%. Pela primeira vez, o país atingiu a alarmante marca de 1 milhão de armas entre os chamados CACs.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo e incentivou uma política de apoio às armas – vale lembrar que um dos símbolos de sua campanha eleitoral era a “arminha que ele fazia com os dedos”-, atiradores esportivos podem possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, incluindo aí fuzis semiautomáticos. Já “caçadores esportivos” tem um limite de até 30 armas, sendo 15 de uso restrito. No caso de colecionadores, não há limite.
No Brasil somente está liberada a caça de controle a uma espécie animal exótica e invasora, o javali-europeu (Sus scrofa) e a seu híbrido, o porco-doméstico (javaporco).
Esta semana mesmo um caso chamou a atenção. Uma investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul apontou que armas utilizadas por criminosos em um assalto a um carro-forte na região metropolitana de Porto Alegre, em dezembro do ano passado, foram compradas por um atirador desportivo, que as vendeu para uma quadrilha.
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Foto: reprodução Facebook Ivete Sangalo