Como não se encantar com essa imagem? Ela representa não apenas a beleza e a magia da vida selvagem, mas também, sua fragilidade. Os saguis-cabeça-de-algodão são um dos primatas mais ameaçados do mundo. A espécie (Saguinus oedipus) é considerada criticamente em risco de extinção, ou seja, a apenas um passo de ser classificada como extinta na natureza. Estimativas indicam que restem apenas 2 mil desses animais ainda pelas selvas da costa caribenha da Colômbia, ao norte do país. Somente 5% de seu habitat original ainda existe.
É por isso que houve tanto alvoroço nas últimas semanas quando filhotes do sagui-cabeça-de-algodão nasceram em zoológicos tanto dos Estados Unidos como da Europa.
Em meados de março, a fêmea Lilo teve gêmeos no John Ball Zoo, no estado americano de Michigan, instituição que faz parte de um programa de reprodução da espécie em cativeiro para garantir uma população diversa e geneticamente saudável fora de seu habitat natural.
Não se sabe ainda o sexo dos filhotes, já que exames só serão realizados após os seis meses de vida. Nesse interim, os pequenos saguis são cuidados pela mãe, o pai e até os irmãos mais velhos. “Os saguis-cabeça-de-algodão têm uma estrutura social complexa e praticam a criação conjunta caracterizada por cuidados aloparentais (cuidados com filhotes que não são seus). Apenas a fêmea dominante se reproduz enquanto as outras ajudam nos deveres parentais”, explica a equipe do John Ball Zoo.
Os filhotes do zoológico de Michigan
(Foto: reprodução Facebook John Ball Zoo)
No mês passado o Idaho Falls Zoo, também nos Estados Unidos, deu as boas-vindas ao pequeno Ash. Ele é o primeiro filhote de Tunda e Chad e o zoológico também faz parte de uma associação de outras instituições do país comprometidas com a conservação de espécies ameaçadas.
Por último, a cegonha deu as caras no Chester Zoo, no Reino Unido, uma das mais importantes organizações de conservação com foco na reprodução de animais em risco de extinção. Por lá, os pais orgulhosos são Treat e Leo. O bebê nasceu com apenas 10 centímetros, comprimento total da cabeça ao rabo, e pesando 40 gramas.
Esse é o primeiro sagui-cabeça-de-algodão a nascer no local em 22 anos. “Tínhamos uma forte desconfiança que a mãe, Treat, estava grávida devido ao monitoramento regular de seu peso e ao ver sua barriga inchar. De qualquer maneira foi uma surpresa fantástica ver uma pequena bola de penugem agarrada às suas costas uma manhã!”, conta Siobhan Ward, cuidadora do Chester Zoo. “É emocionante poder ver esse filhotinho logo após o nascimento e depois seu abrir de olhos pela primeira vez para conhecer o mundo”.
O sagui-cabeça-de-algodão
Especialistas temem que, devido à degradação de seu habitat na Colômbia, a população do sagui-cabeça-de-algodão seja reduzida em até 80% nas próximas duas décadas. Além do desmatamento impulsionado pela expansão agropecuária e da indústria madeireira, o seu desaparecimento na natureza também se deve ao tráfico de animais silvestres.
“Não faz muito tempo que esses primatas em miniatura eram vistos como uma espécie bastante comum, então seu desaparecimento dramático nos últimos anos mostra como uma espécie considerada segura pode mudar tão rapidamente. Devido às suas complexas necessidades sociais e ambientais, os saguis-cabeça-de-algodão nunca devem ser mantidos como animais de estimação”, alerta Nick Davis, curador da área de mamíferos do Chester Zoo.
Os saguis-cabeça-de-algodão vivem em grupos, que variam entre dois e nove indivíduos. Eles se alimentam de frutas, flores, sementes e pequenos animais como insetos e sapos. Com suas garras afiadas se prendem em galhos enquanto saltam entre as árvores. Além disso, têm um corpo pequeno e leve que lhes permite alcançar galhos menores e mais altos.
Um dos gêmeos nascidos no mês passado nos Estados Unidos
(Foto: reprodução Facebook John Ball Zoo)
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Foto de abertura: divulgação Chester Zoo