Ngozi Okonjo-Iweala tornou-se hoje a primeira diretora-executiva da história da Organização Mundial do Comércio (OMC). A economista da Nigéria, de 66 anos, não será somente a primeira mulher no cargo, mas também, a primeira representante de um país africano a presidir a entidade. Ela assumiu o lugar ocupado até então pelo brasileiro Roberto Azevêdo.
A nigeriana tem uma carreira brilhante e já recebeu diversos prêmios e reconhecimentos por isso. Sempre foi uma pioneira. Foi a primeira mulher a comandar o Ministério das Finanças da Nigéria, posto que ocupou por duas vezes (2003 a 2006 e 2011 a 2015). Durante 25 anos, trabalhou no Banco Mundial, onde exerceu a posição de diretora de operações.
“Estou honrada por ter sido selecionada pelos membros da OMC como diretora-geral. Uma OMC forte é vital se quisermos nos recuperar total e rapidamente da devastação causada pela pandemia COVID-19. Estou ansiosa para trabalhar com os membros para moldar e implementar as respostas políticas de que precisamos para fazer a economia global funcionar novamente”, disse Ngozi Okonjo-Iweala ao assumir a função hoje.
A economista nasceu na cidade de Ogwashi-Ukwu, no oeste da Nigéria. Aos 19 anos foi para os Estados Unidos estudar na Universidade de Harvard, onde recebeu o magna cum laude ao se formar, referência dada aos alunos mais excepcionais. Em 1981, conseguiu seu PhD em Economia Regional e Desenvolvimento no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Até bem pouco tempo, a economista presidiu a Aliança Global para Imunização e Vacinação (GAVI, na sigla em inglês) e liderou um dos programas da Organização Mundial da Saúde de luta contra a COVID-19. Por esta razão, afirmou que entre suas prioridades na OMC estão garantir o fluxo livre de vacinas, medicamentos e suprimentos médicos para ajudar a lidar com a pandemia e na recuperação econômica global. Ela prometeu ainda “encorajar os membros da entidade a serem transparentes e notificarem uns aos outros sobre mudanças em suas políticas”.
No ano passado, Ngozi Okonjo-Iweala foi eleita a “Mulher do Ano” pela revista Forbes África. Em 2018, esteve entre as oito mulheres que inspiraram a luta anticorrupção na lista da Transparência Internacional. Antes disso, apareceu ainda como uma das 50 maiores líderes mundiais pela publicação Fortune, em 2015, e entre as 100 pessoas mais influentes do mundo da Time, em 2014.
A Organização Mundial do Comércio foi criada em 1995 com o objetivo de supervisionar e liberalizar o comércio internacional, assim como agir no caso de disputas e entraves globais. A indicação do nome de Ngozi Okonjo-Iweala tinha sido vetada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas recebeu o sinal verde de Joe Biden.
A OMC tem recebido muitas críticas em anos recentes e muitos apontam que ela precisa sofrer reformas, sobretudo, ao diminuir seu protecionismo em relação à China.
Leia também:
Papa Francisco faz apelo a líderes mundiais para que garantam “vacina para todos”
Joe Biden, presidente eleito dos EUA, escolhe apenas mulheres para cargos de comunicação do alto escalão do governo
Joe Biden indica a deputada indígena Deb Halland para a Secretaria do Interior dos Estados Unidos
Foto: divulgação OMC