No século XVIII, as baleias-da-groelândia (Balaena mysticetus) foram praticamente extintas. A pesca comercial quase dizimou a espécie, a única considerada nativa do Ártico, já que passa o ano inteiro naquela região do planeta. Esses gigantes dos oceanos foram caçados até a exaustão por causa de seu óleo, gordura e barbatanas. Em 1910, dava-se conta de que restavam apenas 3 mil indivíduos.
Todavia, graças a esforços de proteção, cientistas comemoram a recuperação da espécie nas últimas décadas. No Alaska, área onde se concentra quase 90% da população das baleias-da-groelândia, atualmente estima-se que existam cerca de 16.800 mil desses cetáceos. No passado, acredita-se que eles eram em torno de 50 mil e na região de Bering-Chukchi-Beaufort, 30 mil.
“Sua história de sucesso na conservação foi possível graças à colaboração produtiva de instituições internacionais, populações indígenas, organizações não governamentais e governos nacionais”, afirma um grupo de pesquisadores americanos, em um artigo publicado recentemente no site da Agência Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA).
Em inglês, as baleias-da-groelândia são chamadas de “bowhead whales”, nome dado devido ao formato de suas grandes cabeças arqueadas, que podem romper o gelo marinho (espessuras de até 2 metros) para criar orifícios e respirar.
“Ao contrário das jubartes e da maioria das outras baleias de barbatanas, que migram sazonalmente entre as águas tropicais e de latitudes altas, essa espécie passa a vida inteira perto do gelo em águas árticas e subárticas. São animais extremamente vocais e usam o som para se comunicar e navegar nas águas congeladas”, explica Riley Woodford, do Alaska Department of Fish and Games.
As baleias-da-groelândia pesam até 80 toneladas – e metade desse peso é uma camada isolante de gordura que pode ter até 50 centímetros de espessura. E podem viver aproximadamente 200 anos.
As baleias-da-groelândia passam a vida inteira nas águas geladas do Ártico
Ao viver em áreas geladas, esses cetáceos se protegem de seu principal predador natural, as orcas.
Entretanto, há algo que intriga os cientistas. Em todo o planeta Terra, a área do Ártico é a que mais tem sofrido com o aquecimento global. o degelo no polo norte atingiu um nível alarmante: uma aceleração de 280% nas últimas quatro décadas.
Apesar disso, as baleias-da-groelândia aumentaram seus números. Uma possível explicação é que, com o aumento da temperatura do oceano e a menor presença de gelo, a água tenha mais nutrientes e fique mais rica em alimentos, como krills, por exemplo.
*Com informações do Alaska Department of Fish and Games
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Foto: GPA Photo Archive/Creative Commons/Flickr, Charles Melville Scammon/Creative Commons/Flickr (ilustração) e Bering Land Bridge National Preserve/Creative Commons/Flickr