Historiadores acreditam que há cerca de 60 mil anos os primeiros seres humanos chegaram ao continente australiano. Quando os exploradores europeus desembarcaram naquelas terras distantes entre os oceanos Pacífico e Índico, povos aborígenes já ocupavam a Austrália. Mesmo assim, quando os ingleses tomaram posse do território, a partir de 1788, eles declararam que ali era uma “terra nullius”, um termo legal que reivindicava que a terra (Austrália) não pertencia a ninguém.
Quase um século depois, o hino nacional do país foi tocado pela primeira vez em 1878, e agora, 143 anos mais tarde, uma frase dele será mudada para fazer uma reparação histórica, pelo menos na letra da música, aos primeiros habitantes da Austrália.
A segunda linha de “Advance Australia Fair”, o nome do hino, será alterada de ‘Pois somos jovens e livres’ para ‘Pois somos um e livres” porque afinal, os aborígenes já estavam no continente há séculos. A mudança foi anunciada hoje pelo primeiro-ministro Scott Morrison.
“Durante o ano passado, mostramos mais uma vez o espírito indomável dos australianos e o esforço conjunto que sempre nos permitiu prevalecer como nação. É hora de garantir que essa grande unidade se reflita mais plenamente em nosso hino nacional ”, afirmou Morrison. “Além disso, embora a Austrália como uma nação moderna possa ser relativamente jovem, a história de nosso país é antiga, assim como as histórias de muitos povos. É justo que asseguremos que nosso Hino Nacional reflita essa verdade e apreciação compartilhada”.
Ainda segundo o primeiro-ministro, a alteração pode ser pequena, mas representa muito.
“Nossa história se deu a partir de mais de 300 grupos ancestrais e idiomas e somos a nação multicultural mais bem-sucedida do planeta. Isso reafirma nossa determinação como uma das democracias mais antigas do mundo, ao mesmo tempo que honra as bases sobre as quais nossa nação foi construída e as aspirações que compartilhamos para o futuro ”, completou.
Infelizmente, até hoje, a maneira como os povos aborígenes foram tratados e discriminados durante os últimos séculos na Austrália, assim como em outros países, se reflete nas condições sociais e econômicas das atuais gerações.
De acordo com a organização não-governamental Australians Together, a taxa de suicídio entre os aborígenes australianos é duas vezes maior do que no resto da população, o índice de desemprego é cinco vezes mais alto entre os nativos e a expectativa de vida é dez vezes menor.
“Essas estatísticas são o resultado das injustiças persistentes da colonização – expropriação, deslocamento, exploração e violência. Este comportamento em relação aos indígenas foi justificado pelo sistema colonial britânico que não entendia, respeitava ou valorizava os aborígenes e que continua a ter um impacto sobre eles até hoje, apesar dos esforços de determinados povos indígenas para resistir e superar essa adversidade”, denuncia a Australians Together.
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Foto: reprodução Tourism Australia’s official Facebook page/Karratha Town, WA – by @sam_rx (via IG)
Se fosse mudada alguma do nosso Hino, por exemplo, poderia ser: “nossos bosques terão mais vida” se replantarem as árvores incendiadas e descontaminarem os aqüíferos, para que peixes não morram envenenados pelo mercúrio dos garimpos.
Aí sim! Aqui na terra de Pindorama poderia também acontecer algumas reparações, inclusive no inicio do hino. “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas” Há relato que não aconteceu aquela imagem do Ipiranga como “Independência ou Morte” e por aí vai……
Excelente notícia. Mais que merecido
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