Na semana passada, quando foi realizado virtualmente o United Nations Summit on Biodiversity, Encontro das Nações Unidas pela Biodiversidade, líderes de 76 países, além das nações da União Europeia, assinaram um compromisso voluntário para reverter a perda de biodiversidade no mundo até 2030. Entretanto, o governo do Brasil não assinou o documento.
Nosso país, que já foi um líder na questão ambiental no passado, se juntou aos Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Austrália, que também se recusaram a apoiar a iniciativa.
O Leaders’ Pledge for Nature – Compromisso de Líderes pela Natureza – , contou com a adesão de países como Nova Zelândia, França, Alemanha e Reino Unido. Da América Latina, vizinhos do Brasil, como Peru, Bolívia e Colômbia, que compartilham áreas da Floresta Amazônica, também se comprometeram a alavancar esforços para conter a destruição do meio ambiente.
“Vivemos um estado de emergência planetária: as crises interdependentes de perda de biodiversidade e degradação de ecossistemas e mudança climática – impulsionadas em grande parte pela produção e consumo insustentáveis – requerem ação global urgente e imediata. A ciência mostra claramente que a perda de biodiversidade, a degradação da terra e dos oceanos, a poluição, o esgotamento de recursos e a crise climática estão se acelerando a uma taxa sem precedentes. Esta aceleração está causando danos irreversíveis aos nossos sistemas de suporte de vida e agravando a pobreza e desigualdades, bem como a fome e a desnutrição. A menos que esse cenário seja interrompido e revertido com efeito imediato, ele causará danos significativos à resiliência e estabilidade econômica, social e política global”, escreveram os signatários do compromisso.
O compromisso lista dez ações urgentes para os próximos dez anos. Entre os pontos delineados estão o investimento em uma recuperação econômica “verde” e sustentável pós-pandemia, o combate sem tréguas aos crimes ambientais e eliminar o descarte de plástico nos oceanos.
Talvez um dos itens mais importantes seja justamente o último, em que o grupo ressalta que “… nossa abordagem para a concepção e implementação de políticas será baseada na ciência, reconhecerá o papel crucial do conhecimento tradicional e indígena, bem como da ciência e pesquisas na luta contra a degradação de ecossistemas, perda de biodiversidade e mudanças climáticas; e vai envolver toda a sociedade, incluindo setores comerciais e financeiros, povos indígenas e locais, comunidades, defensores dos direitos humanos ambientais, governos e autoridades locais, grupos religiosos, mulheres, jovens, grupos da sociedade civil, academia e outras partes interessadas”.
Infelizmente, no momento atual brasileiro, isso parece ser uma realidade muito distante. Cada vez mais a sociedade civil, cientistas e povos indígenas são ignorados e sua presença é rechaçada em decisões governamentais.
Em uma avaliação feita por autores do quinto relatório do panorama global da biodiversidade – Global Biodiversity Outlook 5 (GBO-5) –, lançado em meados de setembro, o Brasil aparece entre os 193 países, que não cumpriram as metas para deter a perda da biodiversidade até 2020.
O Brasil ainda pode se unir ao compromisso Leaders’ Pledge for Nature. O Conexão Planeta pediu uma declaração ao Ministério do Meio Ambiente para entender a razão pela qual o país não aceitou fazer parte da iniciativa. Até este momento, não obtivemos uma resposta.
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Foto: domínio público/pixabay
Não houvesse nenhum outro interesse a não ser a Proteção Ambiental, a preservação das terras indígenas, o combate acirrado contra os garimpeiros e suas práticas criminosas, a focalização pesada e ininterrupta contra os assassinos de florestas, a punição severa, curta e grossa, contra os incendiários e os traficantes de animais silvestres, ainda estaríamos no ponto zero do equilíbrio ambiental ideal planetário que nos poderia acenar com a débil esperança de dias menos ruins para a sofrida Terra. Estamos mal, com tendência a piorar, por causa dos interesses governamentais escusos e turvos, que toleram o intolerável e compactuam com a destruição explícita dos tesouros sagrados e inalienáveis do solo , da água e da atmosfera que não conseguirão se recuperar sozinhos a tempo de não se extinguirem para sempre. Nada do que se faça agora poderá nos redimir diante do Universo
que nos assiste estupefato a destruir a Casa de nossos filhos e netos que não nasceram ainda para morrer também.