Não há mais como negar o impacto da mudança climática sobre o planeta. Os chamados extremos do clima, como enchentes, furacões, secas prolongadas e incêndios florestais, estão se tornaram mais fortes e frequentes. O aumento do nível do mar dobrou nas últimas décadas, como acaba de revelar o mais recente relatório divulgado pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) (leia mais aqui). Entre 2030 e 2050, 230 mil pessoas devem morrer devido à doenças relacionadas com as alterações climáticas, provocadas por desnutrição, malária, diarreia e calor.
O aquecimento global está afetando a todos, mas são certamente os mais pobres e vulneráveis que sofrerão mais, especialmente mulheres e meninas, que aguentam o impacto de choques ambientais, econômicos e sociais. “Freqüentemente, elas são as últimas a comer ou ser resgatadas; enfrentam maiores riscos de saúde e segurança à medida que os sistemas de água e saneamento ficam comprometidos e assumem um aumento no trabalho doméstico e de assistência à medida que os recursos diminuem”, alertam os especialistas das Nações Unidas.
Talvez por entender melhor o sofrimento do mesmo sexo, no mundo todo, muitas mulheres estão levantando suas vozes e trabalhando arduamente para combater as mudanças climáticas.
A revista americana Time elaborou uma lista em que mostra os esforços que vêm sendo realizados por 15 delas e que o Conexão Planeta decidiu compartilhar aqui.
A lista segue em ordem alfabética:
ANNE SIMPSON
Finanças
Gerente Sênior de Portfólio, Investimentos e Diretora de Governança Global da CalPERS, o maior sistema público de pensões dos Estados Unidos, com aproximadamente US $ 300 bilhões em ativos globais. Anne lidera um projeto de sustentabilidade para integrar fatores ambientais, sociais e de governança em todo o fundo.
CHRISTIANA FIGUERES
Diplomacia
Diplomata costariquenha com 35 anos de experiência em políticas nacionais e internacionais de alto nível e negociações multilaterais. Foi nomeada Secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2010, seis meses após o fracasso da COP15 em Copenhague. Durante os seis anos seguintes, ela se dedicou à reconstrução do processo global de negociação de mudanças climáticas com base na justiça, transparência e colaboração, levando ao Acordo de Paris de 2015, amplamente reconhecido como uma conquista histórica. Ao longo dos anos, trabalhou nas áreas de mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, energia, uso da terra, cooperação técnica e financeira. Atualmente Christiana está escrevendo um livro sobre o que deve ser feito nos próximos dez anos para se combater a crise climática.
ELLEN PAGE
Comunicação
A atriz e ativista canadense, de 32 anos, que se tornou conhecida mundialmente ao interpretar a personagem principal do filme Juno, em 2007, é engajada em diversos movimentos. Ellen Page fala com frequência sobre inúmeras questões sociais e políticas, como a defesa das pessoas LGBT. Ambientalista, ela estudou design de, narrou o documentário Vanishing of the Bees (2009) e apoia várias organizações dedicadas à sustentabilidade. No ano passado, foi co-produtora do documentário There’s Something in the Water, que denuncia o “racismo ambiental” sobre comunidades indígenas e de imigrantes. No filme, Elle conversa com mulheres ativistas e mostra como elas enfrentam grandes corporações pela justiça social.
GRETA THUNBERG
Ativismo jovem
A greve solitária iniciada pela adolescente sueca, então com 15 anos, em agosto de 2018, em frente ao parlamento da Suécia, em Estocolmo, inspirou milhões de jovens em todo mundo. Depois que Greta decidiu protestar de forma veemente contra a inação de líderes globais perante a crise climática, estudantes de diversos países seguiram seu exemplo e tomaram as ruas. Desde o ano passado, ela já foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, apareceu na capa da revista Time, foi eleita “Mulher do Ano” pelo jornal sueco Expressen e Embaixadora da Consciência da Anistia Internacional. Na semana passada, após seu discurso emocionante na Conferência do Clima das Nações Unidas, em Nova York. também foi uma das escolhidas para receber o Right Livelihood Award, uma espécie de ‘Nobel Alternativo’. “Vocês roubaram nossa infância e sonhos com suas palavras vazias… Por mais de 30 anos a Ciência foi clara. Como ousam vir aqui dizendo que estão fazendo o suficiente, quando as políticas e soluções necessárias não são vistas em lugar algum… Bem aqui e agora, é onde traçamos a linha. O mundo está acordando e a mudança está chegando, quer vocês gostem ou não”, disse na ONU.
HILDA HEINE
Governança
Presidente das Ilhas Marshall, localizadas em um arquipélago no Oceano Pacífico, Hilda e a população local sabem exatamente o que significa o tão falado “aumento do nível do mar” provocado pela mudança climática. Nos últimos quatro anos, seu governo precisou tomar várias medidas de adaptação para que a água não destrua casas, estabelecimentos comerciais, escolas e hospitais. Simultaneamente, a política tem chamado a atenção internacional sobre o problema enfrentado ali, mas que em breve, tomará dimensões muito maiores caso não haja a redução das emissões de gases de efeito estufa. Hilda é presidente do Climate Vulnerable Forum, que reúne 50 países mais vulneráveis às mudanças do clima. As Ilhas Marshall foram a primeira nação, entre os signatário do Acordo de Paris, a submeter às Nações Unidas seu compromisso de redução de emissões de carbono.
HINDOU OUMARU IBRAHIM
Ativista indígena
Nascida na República do Chad, no norte da África, a geógrafa passou os últimos dez anos tentando conciliar a proteção aos povos indígenas Mbororo e minorias de seu país com o combate à crise climática. Hindou é coordenadora da Associação de Mulheres Peul e Povos Autóctones do Chade (AFPAT) e atuou como co-diretora do pavilhão da Iniciativa dos Povos Indígenas Mundiais e do Pavilhão das COP21, COP22 e COP23. Tem viajado pelo Chad para ouvir seu povo e ajudar nas recomendações para a elaboração de políticas públicas para diminuir a desigualdade social dessas comunidades.
KATE MARVEL
Ciências
Pesquisadora do Nasa Goddard Institute for Space Studies da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Kate usa seu conhecimento para disseminar dados científicos confiáveis sobre a mudança climática nas redes sociais. Em podcasts, tuítes ou em seu blog, luta contra as fake news e a desinformação.
KATHARINE WILKINSON
Educação
Escritora, estrategista e professora, Khatarine transforma a maneira como vemos e nos relacionamos com a Terra. Colaborou com Paul Hawken no best-seller Drawdown: o plano mais abrangente já proposto para reverter o aquecimento global. Sua formação abrange pesquisa, estratégia e liderança de pensamento e se concentra na ação para um futuro regenerativo. Acredita que o discurso da mudança climática precisa se tornar mais corajoso e inteligente emocionalmente. “A crise climática também é uma crise de liderança”, afirma. “E muitas mulheres e jovens estão ocupando esse lugar vazio”.
KOTCHAKORN VORAAKHOOM
Arquitetura
Para ajudar a salvar sua cidade natal, Bangkok, do aumento do nível do mar e das mudanças climáticas, Kotchakorn fundou o escritório de design e de arquitetura paisagística Landprocess. Também criou a Porous City Network, uma empresa social que trabalha para resolver problemas ambientais urbanos e aumentar a resiliência de cidades no sudeste da Ásia, ajudando, engajando e educando comunidades vulneráveis ao clima. A arquiteta e sua equipe transformaram uma propriedade comercial, no coração da capital da Tailândia, no Parque Centenário de Chulalongkorn, um espaço verde público à prova de inundação e retenção de água.
MIRANDA WANG
Invenções
Aos 25 anos, Miranda é a CEO e co-fundadora da startup BioCellection, no Vale do Silício, que transforma praticamente qualquer resíduo plástico em novos materiais, utilizando uma tecnologia química pioneira. A inspiração para a criação da empresa surgiu depois de uma visita escolar a um galpão de reciclagem, dez anos atrás, quando a então estudante ficou chocada com o volume de lixo desperdiçado. Em 2018, Miranda recebeu o Pritzker Award na categoria Jovens Ambientalistas Inovadores.
RACHEL KYTE
Sustentabilidade
Diretora executiva da organização sem fins lucrativos Energia Sustentável para Todos e representante especial do Secretário Geral das Nações Unidas, Rachel está focada em energia acessível, confiável e sustentável como a chave para combater a pobreza e as mudanças climáticas. Até 2015, trabalhou no Banco Mundial nesta mesma área e elaborou estratégias para tornar disponíveis milhões de dólares a países em desenvolvimento. Teve papel importante neste segmento durante debates na semana passada, em Nova York, durante a Conferência do Clima da ONU. “Precisamos ter certeza que estamos cuidando de todos”, costuma dizer.
RHIANA GUNN-WRIGHT
Política
Nascida em Chicago, Rhiana, de 29 anos, é diretora de políticas do New Consensus, uma organização que desenvolve e promove entre outras iniciativas, o Green New Deal, projeto legislativo americano que busca combater as mudanças climáticas e a desigualdade econômica naquele país. Formada pela renomada Universidade de Yale, em 2011, desde cedo focou sua carreira na política pública. Atuou na equipe de políticas da ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama. Tem especialização em estudos afro-americanos e de mulheres, gênero e sexualidade.
SUNITA NARAIN
Advocacia
Desde a década de 80, a ambientalista e ativista política indiana estuda as questões legais ligadas ao meio ambiente. É diretor do Center for Science and Environment, da Society for Environmental Communications e editora da revista Down To Earth. Já recebeu diversos prêmios por seu trabalho, que variam entre os temas mais diversos, sempre ligados ao meio ambiente, desde iniciativas para coleta de água até a preservação dos tigres asiáticos. Sunita percebe que finalmente a mídia e o governo de seu país estão tratando a crise climática de maneira série, infelizmente, devido aos impactos, cada vez maiores, provocados pelas enchentes e inundações na Índia.
TESSA KHAN
Advocacia
Advogada de direitos humanos trabalhando em questões climáticas, Tessa passou a maior parte dos últimos dez anos elaborando políticas de desenvolvimento sustentável. Já morou em países como Austrália, Tailândia, Bangladesh e México. Ela apoia movimentos de base, regionais e internacionais e aconselha governos sobre suas obrigações em direitos humanos. Ela é advogada da Fundação Urgenda, que promove ações em nome de quase 900 pessoas, com o objetivo de forçar a Holanda a reduzir as emissões mais rapidamente com base em uma decisão judicial anterior. A base para o argumento também é fazer com que os governos cumpram os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris das Nações Unidas de 2015 sobre as mudanças climáticas.
WU CHANGHUA
Negócios
Wu começou sua carreira, em Pequim, na década de 90, como uma fotojornalista, documentando questões ambientais. Hoje é analista de políticas e especialista no campo da sustentabilidade na China. É consultora de governos e corporações em estratégia e inovação em sustentabilidade, engajamento público e privado para a transição para uma economia baseada em energia limpa. A chinesa é uma voz pública para mudanças positivas, uma empreendedora social e inovadora em sustentabilidade. Já ganhou diversos prêmios por suas contribuições ao crescimento das iniciativas de baixo carbono em seu país.
Fotos: reprodução internet