PUBLICIDADE

Barragem de resíduos da Vale se rompe em Brumadinho, Minas Gerais


Barragem de resíduos da Vale se rompe em Brumadinho, Minas Gerais

*Atualizado em 09/02/2019

Uma barragem de resíduos de mineração da companhia Vale se rompeu, hoje (25/01), no início da tarde. O acidente ocorreu na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região da grande Belo Horizonte (MG), ao longo da bacia do rio Paraopeba, que é formadora do São Francisco.

Segundo a empresa, que emitiu uma nota oficial, na área de imprensa de seu site, “… os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ainda não há confirmação se há feridos no local”. A companhia afirmou ainda que ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. Horas mais tarde, a Vale admitiu que o acidente provocou ainda a inundação e o transbordamento de uma segunda barragem.

PUBLICIDADE

O Corpo de Bombeiros de Contagem, responsável pela região, foi acionado e já está no local. Nas redes sociais, já circulam diversas imagens sobre casas atingidas pela lama de resíduos.

Imagens aéreas divulgadas pelos bombeiros dão conta de que o vazamento avançou por uma grande extensão.

Moradores locais também divulgaram vídeos com imagens do acidente:

Funcionários e visitantes que se encontravam em Inhotim, maior museu (de artes) à céu aberto do mundo, localizado em Brumadinho, foram retirados do local por precaução.

Nas redes sociais, a prefeitura do município também divulgou um comunicado à população, alertando para que ela permaneça longe do rio Paraopeba.


A Vale e o Corpo de Bombeiros confirmam que ainda há quase 200 pessoas desaparecidas. Em coletiva de imprensa realizada em 25/01, o presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, revelou que havia mais de 427 funcionários na empresa no momento do rompimento da barragem, mas 279 foram resgatadas vivas. Era hora do almoço e sabe-se que o restaurante foi soterrado.

Schvartsman disse ainda que, comparado à Mariana, o desastre será uma “tragédia humana” muito maior, ou seja, ele espera que o número de vítimas seja grande. Até este momento, já estão confirmadas 154 mortes.

A história que se repete

O novo desastre acontece pouco mais de três anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, considerado até hoje o maior desastre ambiental do Brasil. Em novembro de 2015, 19 pessoas morreram, o vale do Rio Doce ficou sem vida e o pequeno vilarejo de Bento Rodrigues em ruínas, sob a lama.

Fundão pertence à mineradora Samarco, fruto da sociedade de duas gigantes do setor petrolífero – a brasileira Vale (sim, a mesma do acidente de hoje!) e a anglo-australiana BHP Billiton.

Ao longo do dia, o Conexão Planeta irá atualizar este post com novas informações, à medida que elas forem divulgadas. Esperamos que o novo desastre não tenha vítimas. E que o impacto ambiental seja pequeno – como se isso fosse possível…

O mais importante, entretanto, é chamar a atenção das autoridades para a frequência com que esses rompimentos têm acontecido. Algo urgente precisa ser feito! Maior fiscalização? Redução das áreas de mineração exploradas?

Leia também:
Samarco oferece indenização para prefeituras que desistirem do processo movido na Inglaterra
Rio Doce: a lição não aprendida
BHP Billiton, sócia da Vale na mineradora Samarco, é processada na Inglaterra por tragédia do Rio Doce
Rio de Lama: documentário em realidade virtual retrata Mariana e seus sobreviventes
Dois anos depois, minério da Samarco ainda contamina água do Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro
Lama tóxica da barragem da Samarco ameaça agora chegar a Abrolhos
Mariana Ximenes faz campanha para que não esqueçamos a tragédia de Mariana

Fotos: divulgação Corpo de Bombeiros (MG)

Comentários
guest

1 Comentário
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Sandra
Sandra
5 anos atrás

Nenhuma palavra existe para descrever o horror de uma nova tragédia anunciada porque não foi a primeira e não será a última já que pessoas e animais não costumam ser prioridade quando interesses financeiros colossais, de poderosos, estão em jogo. Nada justifica tamanho horror a não ser isso, permitir que humanos coabitem ao lado do perigo, sem retirar o perigo. Nenhum motivo é razoável quando se legaliza a convivência do paraíso tão rente do inferno porque o inferno abomina paraísos e um dia os destrói, essa é a lei. Não VALE a pena ver de novo pessoas e animais atolados na lama, acreditando que vão acordar do pesadelo. Não vão. Vão despertar para outro pesadelo, o da própria morte ou para vivenciar o luto de seus amados desaparecidos, pessoas, animais, aves e a plantação bonita que dava gosto ver a se perder no horizonte azul. Por muito tempo ainda ou para sempre os que sobreviverem não viverão mais a paz que plantavam e colhiam, merecidamente, todos os dias. Sobreviventes serão os mártires machucados por dentro e por fora, espezinhados e prensados contra a lama maldita que, mesmo após lavada, não sai do coração atormentado, clamando em gritos enlouquecidos ou em silêncio doentio pelos bens sepultados sem aviso prévio ou permissão de adeus. O que era bonança de um remanso verde a enxurrada arrastou para o nada e para o nunca mais. Não VALE a pena ver de novo o que promotores da desgraça deveriam prever e evitar, mas porque não souberam administrar a desgraça anterior, dançaram e vão dançar nessa também, com prejuízos multiplicados e contabilizados ao infinito porque dessa vez estão chorando por seus funcionários filiados, atingidos, também. Vociferar contra a cúpula responsável, não trará aquele mundo bonito de volta nem os que viveram, jubilosos, nele. Não VALE clamar por castigos do Céu contra os irresponsáveis, porque eles já não estão dormindo, nem comendo, nem respirando, nem vertendo lágrimas no rosto extático, nem entendendo o que a própria razão se lhes recusa explicar, tamanha a dor que sentem de uma forma diferente das vítimas, é certo, mas SENTEM porque maior castigo é o deles, porque são réus, perdoai-os, Senhor. Se existe algum pálido reconforto nos abraços e nas lágrimas dos que compartilham seus ais sob o teto dos Abrigos, misturando lembranças mútuas com desolações recíprocas, nenhum lenitivo poderá haver no coração dos responsáveis, coitados, porque não se perdoam. E se culparão, com medo de ser felizes, quando olharem seu filho vivo e seu cão abanando o rabinho, acordando contente na casa bonita e íntegra dele, sem nenhum respingo de lama e com todos os vidros limpos nas janelas floridas. Não vale a pena odiá-los mais do que se odeiam. Não VALE.

Notícias Relacionadas
Sobre o autor