Desde 23 de abril, mais de três mil indígenas – oriundos de mais de 100 povos que vivem em cinco regiões do pais – participam da 15ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Sob o tema Unificar as lutas em defesa do Brasil Indígena – Pela garantia dos direitos originários dos nossos povos, realizam manifestações, protestos, danças e cantorias para chamar a atenção dos brasileiros, dos políticos e do governo.
Ontem, último dia do encontro, organizaram uma marcha para deixar um ‘rastro de sangue’ em uma das principais vias da capital federal, a Esplanada dos Ministérios. A mobilização lembrou o genocídio indígena, que só cresce em função das indefinições sobre a demarcação de suas terras.
“Este rastro de ‘sangue’ é um marco que deixamos aqui, na Esplanada, e representa toda a violência imposta pelo Estado aos povos originários na morosidade da demarcação das nossas terras, entre outros ataques”, bradou o cacique Marcos Xukuru, de Pernambuco. ˜Diversos assassinatos têm ocorrido país afora, além de um cruel processo de criminalização das lideranças. Mas apesar desta conjuntura tão emblemática, nós, povos indígenas, vamos sempre resistir e lutar pelos nossos direitos, como aprendemos com nossos ancestrais e nossos guerreiros”, completou em depoimento ao ISA – Instituto Socioambiental.
De forma pacífica, uma grande faixa (24m x 12m) – com a frase Chega de genocídio indígena – Demarcação Já! pintada – foi carregada pelos indígenas por toda a Esplanada para ser hasteada em frente ao Ministério da Justiça. Enquanto abriam a faixa e a hasteavam, as lideranças presentes gritavam: “A Funai é dos indígenas, não dos ruralistas”.
Eles não reivindicam nada além de seus direitos constitucionais, como o fim da criminalização de seus líderes (vide a situação de Isaac Piyãko, da etnia Ashaninka, que foi vitima de violência e perseguição e, depois de denunciar os agressores, se tornou réu), a revogação urgente da Portaria 001/2017, da Advocacia Geral da União (AGU), e a demarcação de todas as terras indígenas. Soma-se a isso a denúncia da falência total da política indigenista e dos processos demarcatórios.
Agora, veja alguns momentos desse encontro sempre tão lindo e emocionante.
O Acampamento Terra Livre é realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com o apoio de organizações indigenistas e socioambientais.
Fotos: Greenpeace – Christian Braga (abre, entre outras), Leo Otero, Adriano Machado e Tiago Derzan