Tupã. Este foi o nome escolhido para batizar o filhote de bugio-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) nascido no Zoológico de Brasília há cerca de um mês e meio. O primata é o primeiro filho do casal Bel e Lipe, que chegou ao local em 2016, depois de ter perdido seu habitat devido aos impactos ambientais gerados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
O filhote está em um recinto junto com os pais e apresenta ótimas condições de saúde. Seu nascimento é importante para garantir o futuro da espécie. De acordo com a Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de milhares de animais e plantas no planeta, o Alouatta belzebul é considerado “vulnerável” à extinção.
A espécie, também chamada de guariba-de-mãos-ruivas, é endêmica do Brasil, ou seja, só existe aqui e em nenhum outro lugar do mundo. De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), esse bugio pode ser observado em partes da Amazônia (Pará, Maranhão e potencialmente ao norte do Mato Grosso) e ainda, em áreas da Floresta Atlântica nordestina (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernamabuco e Alagoas).
Todavia, nas últimas três gerações da espécie, houve uma redução populacional de pelo menos 30% em razão da perda e fragmentação de habitat (desmatamento), caça, expansão urbana e construção de usinas hidrelétricas – exatamente o que aconteceu no caso de Belo Monte.
Estima-se que sejam menos de 250 indivíduos adultos na Mata Atlântica, entretanto, na Amazônia, o número é superior a 10 mil.
“A ideia é que seja feito um trabalho em conjunto com outras instituições para manter a qualidade genética e demográfica dessa espécie em busca de uma população sob cuidados humanos viável para um programa de conservação”, afirma Filipe Reis, diretor de mamíferos do Zoo de Brasília.
Tupã, no colo da mãe
Em tupi-guarani, tu’pã ou tu’pana é um nome de origem mitológica indígena, que significa “o trovão”.
Quem é o bugio-de-mãos-ruivas?
O bugio-de-mãos-ruivas tem esse nome porque apesar de sua pelagem preta ser predominante, pés, mãos, a ponta da cauda e, às vezes, o dorso, são ruivos.
Animais herbívoros, os machos da espécie são maiores que as fêmeas, por isso esses primatas podem variar em peso entre 4,5 kg e 8,5 kg e medir de 45 a 65 cm.
Com hábitos poligâmicos (com vários parceiros), as fêmeas dos bugios-de-mãos-ruivas têm um filhote por gestação, que dura cerca de seis meses.
Uma outra característica marcante do Alouatta belzebul é o som emitido pelos machos, que pode ser ouvido de muito longe. Esses primatas, bastante sociais, vivem em grupos.
Em cativeiro, a expectativa de vida é de 20 anos.
*Com informações do Zoológico de Brasília
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Fotos: divulgação Zoo Brasília e Ric/Creative Commons/Flickr