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Washington Novaes, pioneiro no jornalismo ambiental no Brasil, morre aos 86 anos

Ele foi precursor do jornalismo ambiental e contribuiu de maneira excepcional para o crescimento dessa “especialidade” em variadas redações. Também ajudou no entendimento da importância da preservação ambiental entre seu público leitor e telespectador dos principais veículos de comunicação do país.

Mas Washington Novaes não gostava de ser chamado de jornalista ambiental: preferia que o chamassem de jornalista. Tinha razão.

Seu olhar para o mundo nos convidava a ampliar o nosso e a enxergar o humano também dentro da floresta. Defendeu a vida, os direitos, o meio ambiente e os povos indígenas, quando pouca gente dedicava espaço a esses temas, fazendo as conexões possíveis com a modernidade e o desenvolvimento econômico.

Jornais, revistas, TV e livros

Passou pelas redações dos principais jornais e revistas como O Estado de S. Paulo, Folha, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Última Hora, Correio da Manhã e Veja.

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De 1990 a 2018, manteve uma coluna mensal no jornal O Estado de São Paulo, interrompida em alguns momentos durante períodos curtos. Acompanhei boa parte de suas reflexões a partir de 2007. Inspirador.

Em 1992, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo por uma série de artigos publicados no Jornal do Brasil a respeito da Eco-92, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, realizada no Rio de Janeiro.

Na TV, trabalhou na Globo e na Cultura. Foi editor-chefe do Globo Repórter (em 1982, conquistou a medalha de prata do festival de cinema de Nova York com o episódio Amazonas, Pátria da Água), editor do Jornal Nacional e comentarista do programa Globo Ecologia. Também esteve à frente do programa Repórter Eco, da Cultura, onde também foi consultor sobre meio ambiente.

Ainda na TV, em meados dos anos 1980, dedicou a série de documentários Xingu, a Terra Mágica aos povos indígenas e à Amazônia. Realizada para a TV Manchete, marcou sua trajetória: com ela, percorreu festivais de cinema pelo mundo e foi bastante premiado.

Em 2007, voltou à reserva indígena para filmar Xingu, a Terra Ameaçada, dedicando um episódio ao líder Kayapó Raoni Metuktire, que ainda é uma das vozes indígenas mais reconhecidas no planeta.

Muito além das redações

Também dedicou parte de sua vida à literatura. Escreveu Xingu, pela Editora Brasiliense, A Terra Pede Água, pela Sematec/BSB, A Quem Pertence a Informação, pela Editora Vozes e A Década do Impasse, pela Editora Estação Liberdade. Boas leituras em qualquer tempo.

Nos anos 1990, atuou como consultor do primeiro relatório brasileiro para a Convenção da Diversidade Biológica da ONU.

Novaes também aderiu à política, mas por um tempo curto: foi secretário de meio ambiente do Distrito Federal, de 1991 a 1992, cargo que abandonou assim que se viu tolhido a agir e comprometido com interesses que não eram comuns.

No texto que dedicou à vida de Novaes, a jornalista Ana Carolina Amaral, da Folha, lembrou que, em 2000, como entrevistado do programa Roda Viva (TV Cultura), o jornalista respondeu à pergunta capciosa do então senador Blairo Maggi sobre se ele achava que todos deveríamos viver como índios. Sua resposta foi linda, claro: “Não, nós não teríamos competência para isso, mas poderíamos aprender com eles”.

Ainda não assimilamos essa sabedoria, Novaes. E parece que vai demorar um bocado.

Tumor e cirurgia

Em março, Washington Novaes descobriu um tumor no intestino, que só poderia ser tratado com cirurgia.

Mas, depois de uma semana na UTI de um hospital em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital, e de passar pela cirurgia para retirada do tumor, faleceu ontem, aos 86 anos. Seu quadro se agravou devido a uma infecção decorrente de cirurgia e a um problema no fígado.

Foto: Divulgação/TV Anhanguera

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AMARIS
4 anos atrás

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Você realmente é um gênio, me sinto abençoado por ser um leitor regular de um blog assim. Parabéns pelo conteúdo. Agradeço seu trabalho, e sempre vou compartilhar
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