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Tudo por sexo! Marsupial em risco de extinção ‘abre mão’ do sono para acasalar ao máximo, até a morte, revelam pesquisadores

quoll do norte (Dasyurus hallucatus) é um marsupial (possui marsúpio, bolsa onde os filhotes finalizam seu desenvolvimento), carnívoro, que vive somente na Austrália e está ameaçado de extinção.

De acordo com a organização Australian Wildlife Conservancy (AWC) que atua na conservação da espécie – restam apenas 100 mil indivíduos no país e essa população está em “rápido declínio”. 

A situação de vulnerabilidade se deve à predação por gatos selvagens e ao veneno do sapo-cururu, espécie invasora na região. Mas a existência do quoll parece ainda mais ameaçada devido ao comportamento dos machos durante a temporada de reprodução

Ressabiados com sua morte em massa, ainda jovens, pesquisadores da Universidade da Costa do Sol e da Universidade de Queensland (ambas em Queensland) se uniram para investigar o fenômeno.

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O resultado da pesquisa foi publicado esta semana, em 1º de fevereiro, na revista Royal Society Open Science e indica que os quoll machos viajam longas distâncias para encontrar parceiras e acasalar com o maior número delas, ‘abrindo mão’ do sono, o que pode levá-los a óbito logo após a primeira temporada de reprodução, enquanto as fêmeas chegam a se reproduzir por quatro temporadas. 

Para chegar a esta (primeira) conclusão, os pesquisadores analisaram o comportamento de machos e fêmeas durante 42 dias, com base em dados (atividade, velocidade e distâncias percorridas para o encontro) emitidos por acelerômetros acoplados a mochilas em miniatura, com os quais os animais foram equipados na ilha Groote Eylandt, ao norte da Austrália.

Mais ativos, os machos caminhavam mais tempo que as fêmeas e descansavam menos. Alguns chegaram a registrar mais de 10 km ininterruptos em uma única noite, distância que equivale a quase 40 km percorridos por seres humanos.

“Eles percorrem grandes distâncias para acasalar sempre que possível e parece que seu impulso é tão forte que eles deixam de dormir para passar mais tempo procurando por fêmeas”, destacou Christofer Clemente, professor sênior da Universidade da Costa do Sol, à BBC.

A falta de repouso leva à uma deterioração da aparência similar a de roedores privados de sono em laboratório. Além disso, os machos demonstraram falta de cuidado e atenção contra predadores e para procurar alimento, ao contrário das fêmeas.

“A privação do sono e os sintomas associados, por um período prolongado, tornariam a recuperação impossível e poderiam explicar as causas de morte registradas nos machos após a época de reprodução”, declarou Joshua Gaschk, principal autor do estudo, à BBC. “Eles se tornam presas fáceis, são incapazes de evitar colisões com veículos ou simplesmente morrem de exaustão”.

Soma-se a isso o fato de que, devido a seu comportamento “irresponsável”, os machos dedicam menos tempo (ou nenhum) à sua higiene, atraindo mais parasitas, que tornam sua saúde ainda mais vulnerável

De acordo com Gaschk, o resultado da pesquisa indica que é preciso aprofundar mais os estudos sobre como a privação do sono afeta, de fato, os quolls do norte e outros mamíferos marsupiais da Austrália.

“Se os machos renunciarem ao sono em detrimento de sua sobrevivência, [eles] serão uma excelente espécie modelo para o estudo dos efeitos da privação de sono nas funções corporais”, declarou o cientista.

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Fontes: BBC, The Guardian, Australian Wildlife Conservancy (AWC), The Nature Conservancy (TNC)

Foto: Wikimedia Commons

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