
Em julho de 2022, Sam Fisher, 45, levou os filhos Jessin, 12, e Liam, de 9; além do sobrinho de 11 anos, Kaiden Madsen, em uma caminhada pela Formação Hell Creek nas Badlands (paisagem árida, marcada por desfiladeiros, barrancos e canais) de Dakota do Norte, nos EUA. O que ele não imaginava é que um simples passeio poderia transformar a rotina dos quatro e se configurar em um momento marcante para a ciência. Em poucos minutos de trilha, os três meninos encontraram os restos mortais (cerca de 30%) de um raro Tiranossauro-rex que, além de lhes trazer fama, tem proporcionado avanços nas pesquisas sobre a espécie, resultando, ainda, em uma exposição e um documentário.
Voltando ao momento da descoberta, rapidamente Fisher ligou para Tyler Lyson, seu ex-colega de escola e curador de paleontologia do Museu de Natureza e Ciência de Denver, que ficou maravilhado com a notícia.
“Eu não sabia que era um T. rex, porque tudo que eu tinha eram fotos, e a articulação do joelho parecia um bico de pato”, contou Lyson em entrevista à CNN. “Depois comecei a olhar as fotos um pouco mais de perto. E a forma como o osso se partia em camadas indicava que poderia ser um dinossauro carnívoro”.
E foi com essa ideia que ele conseguiu convencer alguns de seus amigos paleontólogos a irem com ele e os garotos ao local, o que ocorreu somente no verão de 2023 – quase um ano depois –, após Lyson obter da licença de escavação com o administrador do terreno onde o fóssil foi encontrado.
E, finalmente o pesquisador convidou Jessin, Liam e Kaiden a participar da expedição com ele e sua equipe de paleontólogos para escavar o fóssil.

o esqueleto de T. rex juvenil, em Badlands, Dakota do Norte
Foto: Tyler Lyson/divulgação
No primeiro dia de escavações, com as crianças na frente e no centro da expedição, Lyson e sua equipe encontraram o maxilar inferior cheio de dentes.
“As crianças estiveram conosco em cada passo do caminho, o que foi ótimo. Tivemos certeza de que era um T. rex juvenil no primeiro dia. E tínhamos câmeras filmando enquanto tudo acontecia”, contou o pesquisador.

empacotado pelos pesquisadores do Denver Museum
Foto: Denver Museum of Nature and Science/divulgação
‘Teen’ rex
Ao analisarem a estrutura óssea (perna direita, algumas vertebras, a mandíbula inferior, quadris e pélvis), os padrões de crescimento e a histologia óssea – entre outras técnicas que ajudam a descobrir a idade do dinossauro e o momento de sua morte -, o pesquisador e sua equipe puderam declarar que o fóssil encontrado pelos garotos pertencia a um T. rex juvenil.
“Embora a histologia ainda não tenha sido feita (mas será!), estimamos o tamanho do T. Rex adolescente com base no comprimento de sua tíbia (osso da canela)”, explica o museu.
“A tíbia do nosso espécime mede 82 cm, em comparação com a de um T. rex adulto, que pode ter uma tíbia de 112 cm de comprimento, o que sugere que o nosso espécime provavelmente pertence a um adolescente”.
Os pesquisadores acreditam que o Teen Rex – nome divertido com o qual o fóssil foi batizado – pesava cerca de 1.588 quilos, tinha 3 metros de altura e 7,5 metros de comprimento quando morreu, há mais de 66 milhões de anos.
Mas o peso exato só será revelado a partir de pesquisas e análises contínuas e mais aprofundadas. Um T. rex adulto (totalmente crescido), por exemplo, podia chegar a 12 metros de comprimento ou mais e pesar até 3.629 quilos.
O T. rex juvenil é considerado raro porque, em geral, os fósseis encontrados são de animais maiores e mais velhos. Por isso também, esta descoberta é tão importante: o esqueleto adolescente torna possível estudar o crescimento e desenvolvimento da espécie T. rex durante uma “fase crucial” de sua vida, até hoje completamente desconhecida.
“É notável considerar como o T. rex pode ter crescido de um filhote do tamanho de um gatinho para o predador adulto de 12 metros e quase 4 mil quilos, com o qual estamos familiarizados”, destaca Thomas Holtz, principal conselheiro do Teen Rex Discovery e paleontólogo de vertebrados no Universidade de Maryland.
“Os cientistas só podem realmente especular sobre como o ‘Teen Rex’ poderia ter vivido e se comportado, por isso descobertas como esta têm o potencial de fornecer novas informações importantes sobre os estágios iniciais da vida, quando [o] crescimento mais rápido provavelmente ocorreu”, acrescenta o especialista, em nota do museu.
Documentário e exposição
Todo o processo de descoberta e escavação do fóssil foi gravada em vídeo e incluída no documentário de 40 minutos T.REX, que será exibido em 21 de junho no telão do Infinity Theatre do Museu de Denver.

que pode ser visto na exposição
“Com CGI de última geração e insights paleontológicos de ponta, este filme em tela gigante oferece uma jornada sem precedentes ao mundo do T. rex e seus companheiros carnívoros do Cretáceo”, explica o museu em comunicado.
Além disso, nesse mesmo dia será inaugurada uma exposição temporária do fóssil intitulada Discovering Teen Rex.
“Estou animado para que os visitantes do museu mergulhem na experiência ‘Teen Rex Discovery’, que, acredito, irá inspirar a imaginação e a admiração, não apenas em nossa comunidade, mas em todo o mundo!”.
O poder da curiosidade
Em nota divulgada pelo museu, Lyson declarou que a história de T. Rex e das três crianças “ressalta o poder da curiosidade, da determinação e da busca pelo conhecimento. Serve como um lembrete de que qualquer pessoa, independente da idade, pode causar impacto significativo seguindo suas paixões e abraçando a emoção da descoberta”.
“Esses meninos fizeram uma incrível descoberta de dinossauro, que contribuirá para o avanço da ciência e para aprofundar nossa compreensão do mundo natural”, finalizou.
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Foto (destaque): Sam Fischer/divulgação
Descoberta importantíssima para a ciência,e para complementar o entendimento da evolução desses seres!!
Parabéns aos garotos “pesquisadores “!!