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Todos que se empenham em cuidar da natureza merecem muito apoio e empatia


Reflito sobre o quanto nossa sociedade valoriza o trabalho de quem luta pela vida não apenas a humana, mas também de outras espécies. Quando o mundo começar a empatizar mais com quem cuida da natureza, teremos mais apoio para lutar por algo que é bom para todos nós. Acredito que será mais fácil, inclusive, despertar mais amor pela natureza. Olhando para esta afirmação a partir do pensamento sistêmico, faz todo sentido. E o caminho para isso é a empatia, a maravilhosa capacidade humana de se colocar verdadeiramente no lugar do outro.

Pela minha experiência, ambientalista é um ser que se esforça ao máximo para levar consciência, informação, dados científicos, inspiração e soluções para outras pessoas, é quem denuncia, aponta erros, faz alianças e todo o possível para que a Mãe Terra seja protegida.

No entanto, gritamos alto, mas poucos ainda nos ouvem de verdade. É muita energia doada para pouco retorno. Salários de empregos nessa área geralmente deixam a desejar. É muita lágrima derramada para poucas celebrações de vitórias. É muita raiva e dor sentidas para poucos momentos de alívio e alegria em relação à causa que defendemos. É tempo gasto para conseguir uma grana para tocar campanhas de conscientização que, inúmeras vezes, trazem pouco retorno na prática. Lutamos pela vida, ao mesmo tempo em que assistimos, na fileira da frente, a vida ser destruída por aqueles que colocam em primeiro lugar a ambição, o dinheiro e o poder.

Também somos chamados de ecochatos, termo bem preconceituoso. Indo além, às vezes até sofremos ameaças de morte e de violência. Eu mesma já estive em uma situação de extremo perigo quando trabalhava para o Greenpeace. Madeireiros, desmatadores e a corja toda que envolvia até a prefeitura da cidade de Juína, noroeste de Mato Grosso, ameaçou seriamente todo nosso time por pelo menos três dias consecutivos. Esses foram alguns dos dias mais estressantes da minha vida. Eu vi de perto a “terra sem lei” de que antes apenas havia ouvido falar. Eu vi de perto a injustiça, a ameaça e a extrema vulnerabilidade de nossos irmãos indígenas. Doeu. Caí de febre na volta para casa.

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Tem vídeo sobre isso, caso você queira saber mais sobre essa história e ter uma noção do que passamos. Está no final deste post.

Eu amo a Amazônia e falo sobre isso abertamente, só que trabalho por ela porque também sei de seu imenso poder de cura da alma humana, de sua importância para a vida na Terra e de seu papel fundamental como órgão vital para o equilíbrio do clima global. Por isso, atuo por ela com afinco. No entanto, já perdi as contas do quanto fui chamada de a jornalista apaixonada pela Amazônia, como se eu “merecesse um desconto” por falar tanto da floresta. Como se eu fosse apenas “uma apaixonada” e como se eu trabalhasse pela Amazônia “apenas” porque acho a floresta demais de tão linda.

Por nosso trabalho, merecemos pausa, cuidado emocional, respiro, tempo para colocar nossa cabeça no lugar, colo para chorar as nossas dores, espaço para manifestar as nossas raivas, apoio mútuo e união para seguirmos em frente mesmo com os joelhos desconjuntados. E, neste caminho muitas vezes árduo, seria tão bom podermos contar mais com a empatia das pessoas!

Humano que cuida da natureza é bicho resiliente. Quando nosso coração bater forte no peito em momentos de desesperança, que possamos nos conceder o direito da pausa até que estejamos fortes e animados novamente para prosseguir a caminhada.

Lembremos: com quanto mais empatia contarmos, mais fácil será cuidarmos do todo. Teremos mais ambientalistas no mesmo bonde.

Gratidão aos que sentem empatia por nós e pelo trabalho que realizamos!

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