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As perseguições ao Padre Júlio Lancellotti não são de hoje e certamente não terão fim tão cedo.
Vigário episcopal da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e, desde 1986, pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, ele é amado e admirado por seu coração gigante e o trabalho incansável que realiza junto a pessoas que nada têm, que vivem em situação de rua e são abandonadas pela sociedade. Por isso, é muito odiado também, onda que cresceu exponencialmente entre os anos de 2017 e 2022 e deixou sequelas que ainda reverberam na sociedade.
Combativo e impetuoso, Padre Júlio tem sido perseguido por gente impulsionada pelo ódio aos pobres como políticos que, constantemente, fazem acusações infundadas contra ele e o envolvem em fakenews.
O mais recente episódio desse tipo começou em novembro de 2023, quando o vereador Rubinho Nunes (União) – ex-membro do MBL (Movimento Brasil Livre), grupo extremista de direita que nunca deixou o religioso em paz – iniciou perseguição questionando seu trabalho social e chamou-o de “cafetão”.
Não satisfeito com a visibilidade que seus ataques ao padre lhe trouxeram nas redes sociais, em 6 de dezembro de 2023, protocolou, no site da Câmara Municipal, pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com o intuito de investigar organizações que realizam trabalho social com pessoas carentes e dependentes químicos na Cracolândia.
O documento recebeu o apoio de 23 vereadores e Nunes continuou atacando o pároco, fazendo crer que ele seria alvo dessa comissão.
A CPI pretendida ganhou rápida repercussão devido à obscenidade de seu propósito: o documento não indica o religioso, mas, junto com coletivos que atuam na Cracolândia, ele pode virar réu.
Cobrados pela adesão a documento tão mordaz (que deve ser analisado na Câmara ao fim do recesso, em fevereiro), alguns parlamentares se justificaram, entre eles Xexéu Trípoli, do PSDB (cujo nome aparece duas vezes no texto) e, o mais atacado, Thammy Miranda, vereador trans do PL.
Internautas não se conformaram com a ingratidão de Miranda com o Padre Júlio que, no ano passado, saiu em sua defesa quando ele foi vítima de ataques transfóbicos devido à propaganda na qual atuou para o Dia dos Pais.
Tanto Trípoli quanto Miranda se mostraram indignados e afirmaram terem sido vítimas de fakenews do vereador, garantindo que o documento não cita Padre Júlio e que retirariam suas assinaturas do pedido para a CPI.
Para Miranda, – houve “desvirtuamento político” do documento que Nunes pediu para os colegas assinarem. E declarou ao G1: “Fomos enganados e apunhalados pelas costas. O documento da CPI nunca citou o padre Júlio e usou de uma situação séria para angariar apoio. 90% dos vereadores que assinaram esse pedido não sabiam do direcionamento político desse vereador. Estou do mesmo lado do padre Júlio, de cuidar das pessoas. Lamento essa politização que o vereador fez do assunto e já pedi para minha assessoria jurídica acionar a casa e retirar meu apoio desse projeto”.
Os partidos de oposição negam acordo entre as bancadas para que a CPI seja instalada na Câmara. Segundo o G1, vereadores do PT denunciaram que Rubinho Nunes está perseguindo o Padre Júlio sem qualquer justificativa, “em busca de votos da extrema direita na eleição de outubro”.
Solidariedade: apoio, PIX e petição
Assim que tomou conhecimento da CPI contra o pároco, a Arquidiocese de São Paulo divulgou nota em suas redes sociais: “Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua. Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral?”.
E prosseguiu: “Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o Vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo para o Povo da Rua e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade. Reiteramos a importância do trabalho da Igreja junto aos mais pobres da sociedade”.
Em resposta à nota da Arquidiocese, segundo a colunista Mônica Bergamo, o vereador Rubinho Nunes declarou: “Eu respeito muito a Igreja, mas ela não é uma pessoa, ela não se confunde com o vigário. E, naturalmente, todos podem ser investigados, inclusive o Júlio. Ele não é a Arquidiocese, tampouco a Igreja Católica”.
“Não vou recuar de maneira alguma”, acrescentou, e declarou: “São naturais as reações adversas. E essa perseguição aos parlamentares só mostra que tem algo muito grande por trás”. E sentenciou: “[A CPI] vai ser aberta. Boa parte [dos vereadores que assinaram o documento] se mantém, estão apoiando”.
Em seu perfil no X (ex-Twitter), sem citar a CPI nem o autor do projeto, o presidente Lula louvou o trabalho do religioso: “Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Júlio, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e o da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”.
Vale lembrar que, em dezembro de 2023, Lula regulamentou a Lei Padre Júlio Lancellotti, que proíbe a aporofobia – rejeição aos pobres – por meio arquitetura hostil, que impede que pessoas em situação de rua usufruam de espaços públicos. Ela integra o plano de ação e monitoramento para a implementação de política nacional para essa população e ainda conta com canal de denúncias pelo Disque 100 e uma cartilha para orientar arquitetos, engenheiros e urbanistas.
Em setembro, Lula condecorou o Padre Júlio com a medalha da Ordem do Mérito do Ministério da Justiça, que lhe foi entregue pelos ministros Flávio Dino e Silvio Almeida (Justiça e Direitos Humanos, respectivamente) durante missa rezada pelo pároco na Igreja São Miguel Arcanjo, em São Paulo (foto acima).
No Instagram, a ilustração de Cristiano Siqueira (Cris Vector), com a frase “Protejam o Padre Júlio Lancellotti” viralizou.
E muitos foram os que declararam seu apoio ao religioso, inclusive fazendo doações ao projeto que ele lidera e divulgando os dados bancários para incentivar outras adesões a essa corrente do bem.
“Em vez de só se indignar, doar!”, disse Lázaro Rosa, que se autointitula progressista, irônico, bem-humorado e ativista pela democracia.
Cobrados pelos internautas sobre seus posicionamentos diante dos ataques sofridos pelo sacerdote, ontem, os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo finalmente se manifestaram.
Rossi declarou que “Amados, se soubéssemos o valor do silêncio… A palavra de Deus diz: ‘Silêncio vale ouro, Silêncio não é covardia, mas sabedoria daqueles que amam a Deus”, o que rendeu respostas como: “Não confunda silêncio com omissão” e “O padre Júlio Lancellotti não se cala diante do sofrimento dos filhos de Deus” (veja mais aqui).
Já Melo – apelidado como “Alok de Aparecida” pelos internautas – reproduziu imagem da nota pública da Arquidiocese de São Paulo e escreveu: “Conheci o padre Júlio quando eu ainda era seminarista, na Pastoral Carcerária. Ao longo dos anos, em campanhas específicas, ajudei e divulguei o seu trabalho social. Recentemente falei com ele, prestei minha solidariedade. Neste momento, peço que Deus o fortaleça, que o conduza, e que tudo se esclareça o mais rápido possível”.
A apresentadora Astrid Fontenelle rebateu: “O que tem q ser esclarecido é o descaso do poder publico com relação aos moradores de rua, os usuários de crack… por que o trabalho do padre Julio incomoda tanto?”.
No X, depois de um “viva” ao padre, o artista e humorista Marcelo Adnet alertou: “O neofascismo avançou tanto no Brasil que hoje, em nome da morte, perseguimos aqueles que seguem os passos de Jesus Cristo”.
Já o músico Ivan Lins, em seu perfil no Instagram, divulgou a petição em apoio ao padre Júlio, e rebateu a atitude de Nunes com ironia: “Queridos e queridas, um bobalhão, na Câmara Municipal de São Paulo, uma coisa chamada Rubinho Nunes, no ápice de sua mediocridade, está tentando criar uma CPI para investigar o trabalho de ajuda aos pobres, famintos e miseráveis, na Cracolândia Paulista, feito pelo Padre Júlio Lancelotti, humanista e religioso idealista. Um trabalho que a política profissional brasileira não faz, principalmente a extrema direita brasileira, onde esse babaquara milita. Afinal, todos sabemos que esses caras detestam pobres, famintos e miseráveis. Só fingem (e bem, reconheçamos) que gostam em época de eleição, como este ano. Essa petição é exatamente para repudiar essa porcaria desse senhor (sic)”.
Foto (destaque): Wikimedia Commons