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Takahē, ave pré-histórica que já foi considerada extinta, volta a habitar ilha Māori na Nova Zelândia

Takahē, ave pré-histórica que já foi considerada extinta, volta a habitar ilha Māori na Nova Zelândia

O takahē tem um significado cultural e espiritual para os Ngāi Tahu, a tribo Māori da maior parte da Ilha sul da Nova Zelândia. Lá eles consideram essa ave, que não voa, mas tem cores belíssimas em tons de azul turquesa e verde, um taonga – um tesouro – e por isso servem como seus kaitiakis, guardiões.

Durante cerca de 50 anos acreditou-se que o takahē havia sido extinto. Até que em 1948 ele foi redescoberto. Uma pequena população foi encontrada nas pastagens das remotas montanhas Murchison, acima do Lago Te Anau, em Fiordland.

Desde então, nas últimas sete décadas, o governo neozelandês investiu inúmeros esforços para salvar a espécie de uma possível e dessa vez, real extinção. É o programa mais longo de conservação e envolve a reprodução em cativeiro, reintrodução de indivíduos na vida livre e a translocação entre ilhas.

E foi exatamente isso que aconteceu há poucos dias, com a soltura de 18 takahēs no Vale de Greenstone, em Whakatipu Waimāori, uma área de propriedade da tribo Ngāi Tahu e por onde, há mais de 100 anos, essas aves coloridas não eram mais observadas.

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Essa será a terceira população de takahēs em vida selvagem na Nova Zelândia. Estima-se que atualmente o número total dessas aves no país, na natureza, se aproxime de 500.

“Cerca de metade de todos os takahēs vivem agora em grandes locais selvagens, na terra natal dos takahē, nas montanhas Murchison de Fiordland, e no Parque Nacional Kahurangi, onde eles foram reintroduzidos pela primeira vez em 2018″, diz Deidre Vercoe, diretora de operações do DOC Takahē Recovery. “Com um crescimento de cerca de 8% da população ao ano, são necessários novos lares. Depois de décadas de trabalho árduo para aumentar seus números, é gratificante concentrar-se agora no estabelecimento de mais populações selvagens, mas isso traz consigo desafios”.

As principais ameaças a essas aves que não conseguem voar são mamíferos terrestres.

“A captura de furões e gatos selvagens reduziu o número de predadores e continua a mantê-los baixos, o que é crucial para sustentar as populações de takahē na natureza”, explica Deidre. “Planejamos soltar mais nove casais em idade reprodutiva e mais sete aves subadultas em outubro e até dez takahē juvenis no início do próximo ano”.

Takahē, ave pré-histórica que já foi considerada extinta, volta a habitar ilha Māori na Nova Zelândia

A soltura das 18 aves que ocorreu há poucos dias
(Foto: divulgação New Zealand Government Department of Conservation)

Quem é o takahē?

Muitas são as aves da Nova Zelândia que não voam. Assim como os takahēs, os kākāpōs também só vivem no solo. Isso se explica porque durante muitos séculos esses animais não tiveram predadores terrestres em seus habitats, o que só aconteceu depois da chegada dos europeus na Oceania.

O takahē é a maior dentre todas as espécies vivas dos chamados ralídeos, família que inclui as saracuras, galinhas-d’água e carquejas. Medindo aproximadamente 50 cm de altura e pesando entre 2,3 e 3,8 kg, possuem pernas vermelhas, assim como o bico grande e forte na mesma cor. Suas penas variam de um azul escuro na cabeça, pescoço e peito até tons de turquesa iridescente e verde oliva em suas asas e costas.

As asas só são usadas para exibição durante o namoro ou como demonstração de agressão. A fêmea pode ter de um a dois filhotes por ano. Na natureza, a expectativa de vida do takahē é de 16 a 18 anos.

Por restos fósseis, sabe-se que essa ave já existia pelo menos na era pré-histórica do Pleistoceno.

Abaixo um vídeo feito há cinco anos, quando foi realizada a primeira reintrodução da espécie na vida livre:

*Com informações do Departamento de Conservação do Governo da Nova Zelândia

Foto de abertura: Kathrin & Stefan Marks/Creative Commons/Flickr

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Jackson
Jackson
1 ano atrás

Espetacular, a natureza se reconstroi se nossa espécie (homo sapiens) respeitá-la

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