A belíssima e rara onça-pintada de pelagem negra (tem mais melanina, por isso a tonalidade escura), na foto acima, é um macho que vem sendo monitorado pelo Onçafari desde meados do ano passado, em projeto inédito no Cerrado. Na ocasião em que foi capturado para receber rádio colar na base da Pousada Trijunção, entre Minas Gerais e Bahia, foi batizado como Guirigó em homenagem a um dos personagens do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Foto: Edu Fragoso
Desde então, a equipe do Onçafari segue o sinal do colar de monitoramento, que revela que a onça-preta se desloca por longas distâncias e “possui uma área de vida muito ampla, com mais de 200 mil hectares (ou 2 mil km2)”.
Devido a esse grande deslocamento, nas buscas ativas por ela, a equipe enfrenta grandes desafios. “Guirigó vive no complexo Pousada Trijunção – Parque Nacional Grande Sertão Veredas e seu entorno e, enquanto nossa equipe está na porção baiana do parque, ele segue rumo a Minas Gerais – cerca de 3h30 de deslocamento da equipe!”, destaca a organização.
Muito bem acompanhado
Mas, esta semana, a equipe do Onçafari teve mais sorte e conseguiu encontrá-lo, mais uma vez neste mês. “Notamos as pegadas e percebemos que ele não estava sozinho. Com a ajuda de um drone, registramos a cena de Guirigó ao lado de uma fêmea”, que está no destaque deste post.
E, para surpresa de todos, a fêmea é conhecida: foi registrada por armadilhas fotográficas instaladas pelo Onçafari em 2022.
Ou seja, a surpresa foi múltipla: encontraram Guirigó, descobriram que ele não está sozinho e que a fêmea é conhecida e continua vivendo e se deslocando pelo Cerrado e ainda puderam observá-los copulando por vários dias consecutivos.
“Isso nos traz esperança de que teremos novas oncinhas no bioma em breve. Mas será que teremos novos filhotes melânicos como o pai?”.
Áreas degradadas, não!
Pra finalizar, vale destacar que a equipe do Onçafari identificou uma característica muito interessante das andanças da belíssima onça-preta: ela circula por áreas de vegetação nativa de Cerrado, desprezando áreas degradadas e desmatadas pelos seres humanos, que são substituídas por grandes pastagens e plantações de soja.
E por que essa informação é importante? “É importante para a ciência pois dá indícios de áreas que seriam prioritárias para a conservação desses grandes felinos”, destaca o Onçafari.
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Foto: Edu Fragoso, biólogo e conservacionista/Onçafari
