Em 2018, a possível presença de um peixe-leão no Parque Nacional Marinho de Abrolhos alarmou cientistas brasileiros. O motivo para o alarde é claro. Nativo dos Oceanos Índico e Pacífico, esse peixe (Pterois volitans ou P. miles) é um predador. Seus espinhos venenosos provocam muita dor e em recifes de corais, ele se alimenta vorazmente de outros peixes. Em seu habitat natural, ele é controlado pela cadeia alimentar, onde é presa de espécies de garoupas e até por tubarões. Mas longe dos inimigos naturais, se reproduz rapidamente e sem controle. Uma fêmea pode colocar até 2 milhões de ovos por ano.
Até hoje, cinco peixes-leões já foram capturados no Brasil. E o caso mais recente aconteceu em Fernando de Noronha, o segundo ocorrido na ilha. Segundo informações da empresa Sea Paradise, o animal foi avistado por um de seus mergulhadores no último dia 30 de julho e após o encontro, autoridades locais foram avisadas, como os representantes do O Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelas áreas protegidas do arquipélago.
O peixe-leão estava a 32 metros de profundidade. Agora amostras dele serão analisadas pela equipe do Departamento de Biologia da Universidade Federal Fluminense e também, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. O objetivo é tentar determinar de onde o peixe é proveniente. A suspeita mais provável é que seja do Caribe.
Em dezembro do ano passado, o mesmo mergulhador que encontrou o peixe se deparou com o primeiro registrado nas águas de Noronha.
Desde 2019, o ICMBio faz uma campanha de alerta e monitoramento entre moradores, pescadores e empresas da área turística sobre os perigos relacionados ao peixe-leão. A recomendação é que, caso ele seja avistado, não deve-se tentar capturá-lo ou matá-lo, mas comunicar imediatamente a equipe do Projeto Conservação Recifal.
Nas últimas décadas, houve uma proliferação sem controle de peixe-leão tanto no Mar Mediterrâneo como no Caribe, como noticiamos aqui, nesta reportagem em 2016.
Se em seu habitat natural a espécie é controlada por predadores, em outros lugares ele não é percebido pelas demais como um risco, o que as fazem ignorá-lo e desta maneira, ele consegue se reproduzir em escala assustadora. A presença do peixe invasor provoca desequilíbrio no ecossistema marinho e afeta diretamente o estoque de peixes nativos.
Em alguns países, o abate do peixe-leão já é permitido. Mas em outros lugares, a solução para combater o invasor é levá-lo para o prato! Apesar de seus espinhos serem venenosos, a carne não é
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Foto: reprodução Instagram Sea Paradise (abertura) e Tchami/Creative Commons/Flickr