Melhor notícia impossível. Pesquisadores acabam de divulgar que descobriram uma pequena população de onças-pintadas na Serra do Mar do Paraná. Maior felino das Américas, a espécie (Panthera onca) perdeu 85% de sua área de distribuição na Mata Atlântica e era considerada extinta nessa região paranaense.
Todavia, ao longo dos últimos oito anos, pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar* instalaram armadilhas fotográficas e entrevistaram moradores de comunidades locais para determinar se ainda existiam indivíduos na área. Pois registros inéditos, vídeos e fotográficos, confirmam que há pelo menos cinco onças-pintadas vivendo pelas montanhas do Paraná, entre machos e fêmeas, o que aumenta a possibilidade de reprodução no futuro.
“Os indivíduos que registramos estão em uma área florestal extensa e de difícil acesso. Por isso, a ausência de registros de onça-pintada nos últimos 20 anos pode ser resultado da falta de levantamentos, ao invés de refletir a ausência da espécie necessariamente. Investimos na investigação e tivemos esses importantes registros, que mudam o olhar sobre a política de conservação da espécie em nível nacional e local, atestando a importância da região e da sua proteção”, explica o pesquisador Roberto Fusco, coordenador técnico do programa.
A identificação sobre essa nova população de onças-pintadas no Brasil foi divulgada na revista científica Oryx, publicada pela universidade britânica de Cambridge.
Atualmente, no Brasil, há pequenas populações da espécie na Amazônia, na região do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e no Pantanal. No bioma Mata Atlântica, estima-se que restem apenas 300 indivíduos.
“As onças-pintadas, assim como outras espécies de grandes mamíferos, são as que mais sofrem, direta e indiretamente, com a fragmentação das florestas e a pressão de caça porque dependem de áreas extensas e saudáveis para sobreviver. Na Serra do Mar, esses animais encontraram refúgio em áreas montanhosas, mais remotas e com difícil acesso para humanos”, diz Fusco.
Imagem feita por uma câmera trap
Os pesquisadores afirmam que agora a área de ocupação da onça-pintada na Mata Atlântica fica ampliada em 9% e 46,9% na Serra do Mar e recomendam que a região se torne área prioritária para a conservação do felino nesse bioma no país.
Abaixo o primeiro registro, feito em 2018, de um casal. Segundo a equipe do programa Grandes Mamíferos, vários moradores já tinham relatado a aparição de onças-pintadas. Foram eles, inclusive, que indicaram os melhores pontos para instalação das câmeras. E assim foi feito. Após quase dois meses, as imagens mostravam essa dupla, que apresentava comportamento de acasalamento:
*O Programa de Monitoramento e Conservação de Grandes Mamíferos na Grande Reserva Mata Atlântica”, que tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do WWF-Brasil, é uma iniciativa idealizada por pesquisadores do Instituto Manacá e do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) como o objetivo implementar o monitoramento de grandes mamíferos em larga escala, promovendo uma agenda territorial integrada nas ações de proteção e manejo dessas espécies, assim como sensibilizar a sociedade civil da importância da Grande Reserva Mata Atlântica na conservação da vida selvagem.
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Fotos: divulgação/armadilha fotográfica
