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Rabisqueiros: da vontade de desenhar junto, sem propósito, à segunda exposição

Antes de começar a contar sobre os Rabisqueiros, já fica aqui o convite para você ver a segunda exposição deste coletivo de amigos, inaugurada em 29/8 no Bar Balcão, na capital paulistana. Até final de setembro. 
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Este grupo começou a se formar despretensiosamente, como acontece sempre com as boas histórias. Um dia, duas amigas – Patrícia Baker Upton e Leda Rosa – sentiram vontade de voltar a desenhar, como faziam na época da universidade. Primeiro, marcaram um encontro na casa de uma delas, gostoso para desenferrujar as mãos.

No seguinte, convidaram outros amigos pra participar. Depois, inventaram de ir a padarias, pra desenhar, conversar e tomar café. Sempre às quintas-feiras, entre 18 e 22h, mais ou menos. Quando se deram conta, já eram 12 rabiscadores. Um grupo heterogêneo, de homens e mulheres entre 55 e 60 anos, de profissões diversas: arquitetos, uma psicóloga, uma fotógrafa, designer, alguns artistas… E continuaram.

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Cada um desenhava o que queria, do jeito que sentia. Com lápis, aquarela, bloco pequeno ou grande, folhas soltas… Sem regras, sem censura e sem se importar com o trabalho do outro. Desenhava o amigo que sentou à frente, o balcão da padoca, uma garrafa, uma xícara, mãos, a família na mesa ao lado, ou o que tinha na cabeça. Mais gente foi se juntando ao grupo. E, assim, os estilos foram se definindo; a produção, de certa forma, se organizava.

Soube da existência desse coletivo – que eles chamaram logo de Rabisqueiros – por intermédio do amigo José Bueno, que já publicou texto aqui no Conexão Planeta e sobre o qual já falei por causa do projeto Rios e Ruas, que mantém há quase dez anos com o amigo Luiz Campos Jr. Zé também é instrutor de Aikido e consultor de inovação. Mas, voltando aos Rabisqueiros… comecei a ver desenhos lindos do Zé em seu Instagram e elogiei. Curiosa que sou, quis saber mais e ele contou sobre o grupo. Fiquei atenta, acompanhando.

No Carnaval, viajamos juntos com uma amiga, Vera Caetano, e ele levou seu bloco e lápis aquarelados. Desenhou paisagens, pessoas, me desenhou e contou mais sobre o grupo. “Começamos a nos encontrar pelo prazer de desenhar, beber, conversar. Foi uma ideia muito simples, singela, sem nenhum propósito produtivo”. E completou, entusiasmado: “O que a gente quer é encorajar as pessoas a desenhar, ajudar a liberar a expressão. O propósito mais profundo é esse. Autorizar a criação. Qualquer um pode rabiscar!”.

Ah… mas não é qualquer um que faz os desenhos lindos que o Zé faz (viu o rabisco que ilustra este post? o último deste post também é dele). Pra chegar aí, precisa ter talento de artista, sim. Mas entendi o que ele quis dizer. Nesse grupo, alguns têm técnica, mas outros nem tanto, e todos têm desenvolvido trabalhos lindos. “Todos foram se aprimorando. O próprio exercício do fazer vai afinando o traço, você vai encontrando o seu estilo”, explicou Zé.

Muito natural que, em algum momento, desse vontade de ir além, né? Foi aí que entraram em cena, novamente, a Patrícia e a Leda pra cutucar a turma de novo. Quando se encontraram a primeira vez pra desenhar, elas não imaginavam o que estavam provocando. Que maravilha! Em nove meses, os Rabisqueiros estavam expondo seus rabiscos juntos, num enorme salão na Funarte, no bairro dos Campos Elíseos, em São Paulo, que ficou treze dias em cartaz.


Eram eles: Geninho Galvão, Guen Yokoyama, Zé Alfredo Queiroz dos Santos, Zé Bueno, Lêda Brandão, Leda Rosa Van Bodegraven, Lúcia Carvalho, Lulu Defran, Márcia Halász Richards, Patrícia Baker Upton, Roberto Strauss, Rubens Tiezzi, Sergio Zilbersztejn, Solange Villanueva Renault, Tereza Petrone e Valéria Barcellos. 

O local amplo abrigou bases de 1,20m x 1,20m nas paredes, nas quais cada um apresentou suas criações diagramadas de acordo com seu talento e gosto. Ficou lindo! No centro do salão, uma bobina gigante de papel acompanhada de canetas coloridas convidava os visitantes a entrar na brincadeira e rabiscar também. Não teve quem não se arriscasse a desenhar ali.

“A despretensão está muito presente. São rabiscos. O nome Rabisqueiros remete a isso. Não somos desenhistas da USP (a maioria estudou lá). Isso já deixaria a gente distante das pessoas. Qualquer um pode ser rabisqueiro, qualquer um pode pegar um lápis, uma caneta, um lápis de cor e desenhar”, contou Zé. “Eu tenho falado muito de algo que esteve presente em nesta exposição que é a sem vergonhice. Tem que ser muito sem vergonha não só pra rabiscar, mas, numa fase avançada da sem vergonhice, expor seus desenhos assim”.

Os Rabisqueiros continuam se encontrando nas padarias e já estão em sua segunda exposição, como falei logo no início deste texto. Inaugurada no dia 29 de agosto, fica em cartaz num dos bares mais charmosos da cidade de Sao Paulo – o Balcão -, até o fim de setembro. A foto abaixo é do dia da inauguração.

São eles: Birgit Ketter, Elaine Biella, Filipe Moreau, Geninho Galvão, Guen Yokoyama, Zé Alfredo Queiroz dos Santos, Zé Bueno, Lêda Brandão, Leda Rosa Van Bodegraven, Lúcia Carvalho, Lulu Defran, Márcia Halász (rabisco no final deste post), Patrícia Baker Upton (rabiscos logo abaixo), Roberto Strauss (rabisco acima), Rubens Tiezzi, Sergio Zilbersztejn, Solange Villanueva Renault e Valéria Barcellos. 

Fotos: Mônica Nunes (fotos das montagens) e Divulgação (fotos do grupo)

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