A metodologia parece meio estranha, mas é eficiente e já foi usada outras vezes. Através da análise de imagens de satélite foi possível descobrir quatro novas colônias de pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) na Antártica. Mas o que as fotos detectaram não foram exatamente a presença dessas aves, mas dos detritos deixados por elas, ou melhor, de suas fezes marrons, contrastando contra o branco do gelo.
Por viverem em lugares distantes e inóspitos, o monitoramento dos pinguins-imperadores se torna difícil, então imagens aéreas auxiliam nesse trabalho.
Três das novas colônias eram até então desconhecidas e uma delas acredita-se que não existisse mais. Segundo os pesquisadores da British Antarctic Survey (BAS), que compartilharam as imagens, alterações nas condições do gelo marinho ao longo da costa da Antártica forçaram várias colônias a deslocarem-se em busca de superfícies mais estáveis para se reproduzirem e com isso muitas se deslocaram entre 30 a 40 km para novos locais.
Imagens de satélite mostra os milhares de pontinhos marrons, os cocôs dos pinguins
(Foto: divulgação BAS)
Atualmente o número de colônias conhecidas da espécie chega a 66.
“Estes locais recentemente identificados preenchem quase todas as lacunas na distribuição conhecida destas aves icônicas. Todas, excepto uma destas colônias, são pequenas, com menos de 1 mil aves, o que significa que fazem pouca diferença no tamanho geral da população da espécie”, ressalta Peter Fretwell, pesquisador da BAS.
A localização exata das novas colônias
(Imagem: divulgação BAS)
No ano passado, notícias alarmantes davam conta de que nove mil filhotes de pinguim-imperador podem ter morrido por causa de degelo recorde na Antártica. Cientistas já alertaram que se nada for feito para conter a crise climática, 98% das colônias da espécie podem ser extintas.
O pinguim-imperador é o maior dentre todas as espécies dessas aves. Batizado de “imperador“, o Aptenodytes forsteri pode passar de 1 metro de altura e pesar até 40 kg. Se diferencia ainda dos demais pelas orelhas e o peito amarelados. Ele depende totalmente do gelo marinho para atividades vitais como procriação, alimentação e muda de penas.
Um pinguim-imperador com filhotes, ainda com as penas escuras na maior parte do corpo
(Foto: Richard Burt/British Antarctic Survey)
Foto de abertura: Richard Burt/British Antarctic Survey