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Quase 50% dos focos de incêndio na Amazônia estão em áreas recém-desmatadas, revela Inpe

Por Jaqueline Sordi*

Novo painel divulgado pelo Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais esta semana, em 16/11, mostra que 45,4% dos focos de queimadas registrados de agosto de 2019 até setembro de 2020 na Amazônia ocorreram em áreas recém-desmatadas, e 8,4% em áreas de floresta primária (áreas que provavelmente já foram degradadas pelo uso do fogo porém ainda não convertidas em corte raso).

O dado contraria diversas declarações do presidente Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão, de que 90% dos focos de calor ocorrem em áreas com desmatamento consolidado.

Para chegar a essas estimativas, os técnicos do Inpe extraíram as informações sobre todos os focos de queimadas registrados pelo satélite referência do instituto de 1o de agosto de 2019 a 30 de setembro deste ano. Foram identificados aproximadamente 150 mil focos.

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Em seguida, verificaram os dados relacionados ao desmatamento. Eles consideraram como desmatamento recente as áreas identificadas nos últimos três anos, a partir dos dados do Prodes de 2018 e de 2019, e dos alertas mês a mês do Deter até setembro de 2020. Todas as áreas desmatadas identificadas antes de 2018 foram consideradas de desmatamento consolidado.

Como há uma possibilidade de imprecisão nos dados de queimadas de até 1km, os especialistas estenderam em 500 metros as zonas de desmatamento como forma de compensar possíveis distorções.

Ao cruzar os dados, os pesquisadores identificaram que, diferentemente do que vem dizendo o governo, apenas 40,4% dos focos ocorreram em áreas de desmatamento consolidado.

“Esse painel esclarece que normalmente se faz uma associação errada de que a maior parte das queimadas estão em áreas consolidadas no passado, que já estão sendo submetidas a alguma espécie de manejo, como pasto. Estamos vendo que uma grande parcela ocorre em áreas que foram recentemente desmatadas e provavelmente ainda não entraram em processo de produção”, explica Luís Eduardo Maurano, tecnologista sênior do Inpe.

O resultado do painel apresentado pelo Inpe reforça o que já havia sido indicado pela Nasa, que criou um painel cruzando as informações de desmatamento e de queimadas – e concluiu que cerca de metade do fogo estava em áreas recém-desmatadas – e pelo IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Na ocasião, os pesquisadores haviam apontado que um terço das queimadas registradas no ano passado ocorreu em áreas recém-desmatadas. De acordo com a pesquisadora do Inpe Lubia Vinhas, esse novo painel tem como objetivo ajudar as pessoas a acompanharem os dados que são sistematicamente gerados e atualizados pelo órgão.

*Este texto foi originalmente publicado no site Observatório do Clima (OC) em 16/11/2020.

Foto: Victor Moriyama/Greenpeace

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