Confiando no marketing das empresas que vendem águas minerais em garrafa e que garantem que seus produtos são “mais saudáveis e puros”, consumidores do mundo tudo podem estar pagando justamente pelo contrário.
Uma pesquisa que acaba de ser divulgada pela organização e plataforma digital de jornalismo independente e sem fins lucrativos Orb Media revela que foram encontradas micropartículas plásticas em 90% das águas de garrafa analisadas.
No estudo, feito em parceria com a Universidade de Nova York, foram realizados testes com 259 garrafas, compradas em 19 localidades diferentes, em nove países – Tailândia, Quênia, Líbano, México, Estados Unidos, China, Indonésia e Brasil.
As águas engarrafadas eram de 11 marcas distintas – Aqua (Danone), Aquafina (PepsiCo), Bisleri (Bisleri International), Dasani (Coca-Cola), Epura (PepsiCo), Evian (Danone), Gerolsteiner (Gerolsteiner Brunnen), Minalba (Grupo Edson Queiroz), Nestlé Pure Life (Nestlé), San Pellegrino (Nestlé) e Wahaha (Hangzhou Wahaha Group).
Os pesquisadores encontraram uma média de 325 partículas plásticas para cada litro de água: polipropileno, nylon e tereftalato de polietileno (PET). Apenas 17 garrafas, das 259, apresentaram índice zero de contaminação.
Algumas garrafas, entretanto, como a da marca Nestle Pure Life, continham uma concentração inacreditável de mais de 10 mil partículas de plástico por litro.
Na brasileira Minalba, foram detectados desde zero, ou seja, nada de contaminação, a até 893 micropartículas plásticas por litro.
Em comunicado à imprensa, a Minalba diz que “o processo de extração e envase da água da fonte mineral Água Santa, localizada em Campos do Jordão (SP), segue todos os padrões de qualidade e segurança exigidos pela legislação brasileira, refletindo, com rigor, a manutenção das propriedades minerais vindas da natureza. Através de rigorosos testes laboratoriais e dos mais modernos processos fabris, chancelados pela Certificação ISO 9000:2008, a empresa reforça o seu compromisso com o consumidor, estando em conformidade com as resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde, e da Portaria 374/2009 do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)”.
Assim como a Minalba, as demais marcas responderam à denúncia alegando que seguem todas as normas estabelecidas por seus países. Algumas contestaram a metodologia da pesquisa realizada pela Orb Media.
Plástico no ar
O tamanho das partículas plásticas apontadas pela análise é variável, vai desde a grossura de um fio de cabelo até o de uma célula sanguínea, ou seja, praticamente invisível ao olho humano.
Para conseguir detectar a contaminação da água, os pesquisadores utilizaram um corante especial chamado Nile Red, que se liga ao polímero plástico, um laser infravermelho e outra luz azul, como aquelas utilizadas em investigações criminais.
Uma das possíveis causas da contaminação seria a dispersão das partículas plásticas pelo ar.
Diante do resultado da pesquisa, a Organização Mundial de Saúde anunciou que irá rever sua recomendação sobre a ingestão de água engarrafada.
O mercado global de água engarrafada movimenta algo em torno de 147 bilhões de dólares. A grande pergunta que se faz é: precisamos mesmo beber água de garrafa? Em muitos países do mundo, sobretudo aqueles do Hemisfério Norte, a água de torneira é potável.
O mais irônico é que em setembro do ano passado, a Orb Media já havia conduzido outro estudo sobre a contaminação da água com micropartículas plásticas, mas então, com a água de torneira.
A pesquisa apontou que 83% das amostras analisadas, em dezenas de países ao redor do planeta, inclusive o Brasil, possuíam fibras de plástico.
Só que agora, comparando-se a concentração da contaminação por plástico entre a água de torneira e a engarrafa, os pesquisadores afirmam que a primeira tem menos plástico do que a vendida em garrafa.
Cientistas ainda não sabem quais são os impactos da ingestão de resíduos plásticos para a saúde humana, se há ou não a liberação de toxinas e substâncias químicas utilizadas para a fabricação da matéria-prima.
Certamente, com provas ou sem provas, ninguém quer correr o risco de virar cobaia da indústria. Uma pesquisa feita online, pela própria Orb Media, mostra que 94,2% das pessoas entrevistadas acreditam que sim, a presença de micropartículas plásticas na água pode fazer mal para a saúde.
Na ilustração abaixo, você confere como o plástico ingerido interage com o corpo humano:
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Foto: domínio público/pixabay
Por sua vez, as garrafas que contém água, serão os microplásticos de amanhã porque essa cadeia do mal só vai parar quando descartados forem reciclados ou nunca mais fabricados, sendo substituídos por embalagens e produtos bio degradáveis, porque é na barriga dos animais marinhos que vai parar o lixo, mas quando a gente beber água da garrafinha, na nossa barriga também.