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Prato Firmeza: a boa comida das “quebradas” de São Paulo em guia e tours gastronômicos

Quando vi o Prato Firmeza (que eu vou chamar carinhosamente de PF, aqui, tá?) concorrendo ao Prêmio Jabuti deste ano, amei! Tão bom ver um projeto que apresenta a gastronomia “das franjas” da capital paulista – muito além dos roteiros caros e gourmet dos guias produzidos pela mídia tradicional –, concorrendo ao principal prêmio literário do país, e ainda ao lado de celebridades da área como Bela Gil, Rita Lobo e Paola Carosella!

O PF não levou o Jabuti, mas ficou em sexto lugar na categoria, antes da Bela Gil! Em primeiro, ficou o livro de Cogumelos dos índios Yanomami. Com essa participação, o PF ganhou mais visibilidade e os dez jovens que produziram esse trabalho lindo ganharam ainda  mais confiança e gana pra prosseguir.

Acompanhei a votação do prêmio com eles, via Instagram e foi por isso também que resolvi escrever sobre o projeto, aqui, no Conexão Planeta. Só que, antes, vou falar sobre a agência e escola de jornalismo É Nóis Conteúdo, onde o PF foi pensado e realizado.


Jornalismo de futuro

Tudo começou em 2009, quando as jornalistas Amanda Rahra e Nina Weingrill realizaram um trabalho voluntário de formação no Capão Redondo, um dos bairros mais violentos da periferia de São Paulo. Assim que 300 jovens passaram por suas aulas presenciais, veio o desejo de lançar um curso online. O projeto cresceu e, em 2014, elas decidiram criar a primeira escola de jornalismo online do país – a Escola de Jornalismo -, que oferece cursos gratuitos com especialistas, por meio de vídeo aulas e tutoriais, e já tem mais de quatro mil alunos cadastrados.

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Na É Nóis, garotas e garotos de 16 a 21 anos debatem e experimentam o futuro do jornalismo. O site explica bem o que eles fazem: “Temos um núcleo de jovens de diferentes áreas do conhecimento e também da cidade – principalmente das periferias – que estão pensando pautas, produzindo reportagens, prototipando formatos e construindo ferramentas que ajudam a refletir sobre a existência e as formas de financiamento do jornalismo para os próximos anos”.

Essa turma linda acredita que o jornalismo só vai melhorar de fato quando todos os cidadãos entenderem sua importância para a garantia de direitos. Por isso, eles precisam do apoio financeiro de seus leitores para continuar autônomos em tudo que produzem, e manter seu olhar único, além de incentivar inovação e diversidade. Quem quiser ajudar, pode depositar direto na conta do coletivo ou fazer doações mensais (uma assinatura, na verdade!) via Benfeitoria.

Agora, então, voltemos ao Prato Firmeza!

‘Dignos de foto no Instagram’

Vez ou outra aparece um bar ou restaurante fora dos padrões estéticos e culinários  “seguidos naturalmente” pelos guias de grandes jornais e revistas, que priorizam o zona oeste e central de São Paulo. Ou, como preferem os idealizadores do PF, “entre as marginais”.

Sim, esses guias “fogem” da periferia, que foi justamente o foco do trabalho realizado por dez jovens alunos da escola É Nóis, moradores dessas regiões. Eles pesquisaram “suas quebradas” – que até alguns deles desconheciam! – e descobriram 40 estabelecimentos “dignos de foto no Instagram”, como dizem no site, e acrescentam: “Mais do que um guia gastronômico, o Prato Firmeza afirma seu papel político, de oferecer diversidade para o jornalismo de gastronomia e mostrar que a cidade tem um cardápio muito maior do que a gourmetização das áreas nobres”.

O guia é um grande serviço para quem come e empreende na periferia, mas também pra quem quer conhecer a vocação gastronômica dessas regiões. Além de apresentar lugares desconhecidos da maioria de quem vive e passa pela grande metrópole, mostra que é possível comer bem com menos dinheiro. Na lista, tem até restaurante vegano e japonês!

Quer saber por onde eles andaram e o que encontraram? Tá aqui, num mapa, inclusive. Mas você também pode comprar exemplares impressos. Com direito a erratas e atualizações. E se quiser saber mais, assista ao vídeo no final deste post.

A segunda edição do guia já está em produção e deve ser lançado no início de 2018. A turma de 2017 da Escola de Jornalismo mapeou, fotografou e escreveu sobre novos points da periferia de São Paulo, que ampliarão ainda mais o trabalho desenvolvido com a primeira publicação.

E se você conhece algum estabelecimento gastronômico bacana na sua ou em qualquer quebrada, envie para os organizadores do do PF, por e-mail.

E no ‘Rolê Prato Firmeza’, quem vai?

Ao mergulhar no projeto, fiquei louca para fazer um tour pelas “quebradas” e conhecer alguns desses lugares e suas iguarias. Pra minha felicidade, descobri que o PF está organizando o primeiro tour gastronômico nas periferias: é o Rolê Prato Firmeza. Eu vou! Vamos?

E veja que máximo! Cada edição será temática: esta primeira será sobre os ingredientes nativos da Mata Atlântica, como o Cambuci, e ainda inclui visita a um santuário desse bioma, preservadíssimo, que é o braço mais limpo da represa Billings e um dos últimos leitos de água doce onde ainda dá pra nadar na cidade.

Vai ser no dia 24 de novembro, sexta-feira, das 8h às 18h, e só tem 10 vagas. O valor é R$ 215/pessoa e inclui deslocamentos de van, todas as refeições, entrevistas com produtores locais e a companhia e orientação do Guilherme Petro (um dos pesquisadores e coordenador do Prato Firmeza) e da Natália Garcia (jornalista e idealizadora do projeto Cidades para Pessoas, que já escreveu, aqui, no Conexão Planeta). Eis a programação:
8h: saída da Estação da Luz;
– 10h: chegada na subprefeitura de Parelheiros;
– 10h30 às 12h30: visita ao ‘Zé da Floresta’;
– 13h às 15h30: almoço na ‘Dona Marlene’;
– 16h às 18h: fim do dia no ‘Balneário Bernardinho’.

Informações para o depósito bancário no site ou pelos e-mails: steph@enoisconteudo.com.br e
amanda@enoisconteudo.com.br

Agora, assista ao vídeo no qual os participantes contam como foi feito o trabalho de pesquisa para o PF. E mais: como ele foi transformador em suas vidas também. 

Fotos: Divulgação/Reprodução

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