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Portela leva para a Sapucaí os tupinambás e seu respeito pela natureza

Portela leva para a Sapucaí os tupinambás e seu respeito pela natureza

Quem eram e como viviam os primeiros habitantes da cidade do Rio de Janeiro, antes dos exploradores portugueses chegarem na Baía de Guanabara? É essa história – “Guajupiá, Terra Sem Males” – que a escola carioca Portela levou para a Sapucaí este ano.

O samba-enredo de 2020 contou como eram as tradições, os rituais e as crenças dos indígenas tupinambás. Ele foi baseado no livro “O Rio Antes do Rio”, de Rafael Freitas da Silva. Segundo o autor, aqueles eram tempos de “dos rios de águas transparentes e das florestas que avançavam sobre o mar”.

Na avenida, a Portela contou a lenda de Guajupiá, considerado o paraíso pelos tupinambás. Neste local, que seria a Baía de Guanabara, os indígenas encontravam o rio sagrado, com peixes e marisco. As aves voavam livres, colorindo o céu. “Temos tudo ao alcance das mãos, água de beber, de lavar e de se banhar. Vivemos a vida em profunda gratidão”, diz a sinopse do samba-enredo.

Logo na comissão de frente, a coreografada de Carlinhos de Jesus mostrava como os tupinambás honravam (e degolavam) seus inimigos.

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Portela leva para a Sapucaí os tupinambás e seu respeito pela natureza

A Comissão de Frente, abrindo o desfile da Portela

Portela leva para a Sapucaí os tupinambás e seu respeito pela natureza

O guerreiro tupinambá, com o cabelo raspado no meio da cabeça
e o corpo pintado de azul

Nos carros alegóricos da escola, destaque para como os indígenas viviam: a caça, o uso do arco e da flecha, a harmonia com a natureza e os animais.

E um detalhe muito bacana: as fantasias da Portela foram feitas com plumas artificiais!

Portela leva para a Sapucaí os tupinambás e seu respeito pela natureza

Mas assim como outras diversas escolas, tanto nos desfiles do Rio como em São Paulo, a Portela também aproveitou a oportunidade para fazer críticas políticas e sociais, mesmo que de maneira sutil.

Em um trecho de seu samba, há uma referência clara aos ataques sofridos pelos povos indígenas atualmente, principalmente vindos da parte do presidente Jair Bolsonaro:

“… Índio pede paz, mas é de guerra
Nossa aldeia é sem partido ou facção
Não tem “bispo”, nem se curva a “capitão”…”

Confira abaixo, a letra completa desse lindo samba enredo da Portela:

Clamei aos céus
A chama da maldade apagou
E num dilúvio a Terra ele banhou
Lavando as mazelas com perdão
Fim da escuridão
Já não existe a ira de Monã
No ventre há vida, novo amanhã
Irim Magé já pode ser feliz
Transforma a dor na alegria de poder mudar o mundo
Mairamuãna tem a chave do futuro
Pra nossa tribo lutar e cantar

Auê, auê a voz da mata, okê okê arô
Se Guanabara é resistência
O índio é arco, é flecha, é essência

Ao proteger Karioka
Reúno a maloca na beira da rede
Cauim pra festejar… purificar
Borduna, tacape e ajaré
Índio pede paz, mas é de guerra
Nossa aldeia é sem partido ou facção
Não tem “bispo”, nem se curva a “capitão”
Quando a vida nos ensina
Não devemos mais errar
Com a ira de Monã
Aprendi a respeitar a natureza, o bem viver
Pro imenso azul do céu
Nunca mais escurecer (bis)

Índio é tupinambá
Índio tem alma guerreira
Hoje meu Guajupiá é Madureira
Voa águia na floresta
Salve o samba, salve ela
Índio é dono desse chão
Índio é filho da Portela

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Fotos: divulgação Riotur/Fotos Públicas/Fernando Grilli (abertura) e Raphael David, Gabriel Nascimento e Dhavid Normando

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