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Polícia Federal investiga família pecuarista suspeita de provocar incêndio no Pantanal conhecido como ‘Muralha de Fogo’

Polícia Federal investiga família pecuarista suspeita de provocar incêndio no Pantanal conhecido como 'Muralha de Fogo'

Você lembra das imagens da festa do tradicional Banho de São João, em Corumbá (MS), no dia do santo (23/6), que viralizaram na internet, causando grande indignação pois revelavam o incêndio que, ao mesmo tempo, destruía o Pantanal do outro lado do rio Paraguai? O arraial corria animado, enquanto as labaredas e a fumaça dominavam a outra margem do rio (contamos aqui).

Polícia Federal investiga família pecuarista suspeita de provocar incêndio no Pantanal conhecido como 'Muralha de Fogo'
Foto: reprodução de vídeo

O episódio devastador – que ficou conhecido como ‘Muralha de Fogo’  começou em 1º de junho e muitos focos permaneceram ativos por todo o mês tendo seu ápice no final de semana do arraial (21 a 23), causando estragos em mais de 30 mil hectares (cerca de 300 km2) do Pantanal, não só em áreas da União como também em uma Área de Proteção Permanente, além de terras devolutas (terras públicas geralmente destinadas à preservação ambiental e à defesa de fronteiras), segundo a Polícia Federal.

“A área queimada é alvo reiterado deste tipo de crime ambiental e, posteriormente, de grilagem, com a realização de fraudes junto a órgãos governamentais”, declarou a PF em seu site.

Polícia Federal investiga família pecuarista suspeita de provocar incêndio no Pantanal conhecido como 'Muralha de Fogo'
Terra arrasada / Foto: Polícia Federal/divulgação

Durante a investigação sobre a origem do fogo, a PF se deparou com outros possíveis crimes e aprofundou a apuração sobre o uso de terras da União para a criação de gado e a suspeita de contrabando de bois da Bolívia. Não bastasse tantas ilegalidades, a PF ainda encontrou trabalhador possivelmente em condição análoga à escravidão.

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Foi então que a PF recebeu denúncia anônima, que acusava o filho de um pecuarista dessa região do Pantanal, conhecido como Capim, de ser o responsável por atear fogo nas margens do Rio Paraguai.  

Família suspeita

Capim é o apelido de Carlos Augusto Alves Martins, filho de Carlos Augusto Borges Martins, também conhecido como Carlinhos Boi – apontado como o único pecuarista da região e criador ilegal de gado – que tem mais cinco filhos: Antônio Carlos de Borges Martins (Poré), Carlos Antônio de Borges Martins, Carlos Francisco Alves Martins, Carlos Roberto Alves Martins e Damião Alves Martins.

Na manhã de ontem (10), mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal de Corumbá – em conjunto com o Ibama e a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO) -, e a Polícia Federal deflagrou a ‘Operação Arraial São João‘ contra seis integrantes da família. Poré, que também está sendo investigado, não foi incluído na operação porque está preso, acusado do homicídio durante uma briga no carnaval do ano passado. 

Durante a ação da PF, um dos procurados foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e outro levado à delegacia da PF.

Polícia Federal investiga família pecuarista suspeita de provocar incêndio no Pantanal conhecido como 'Muralha de Fogo'
Arma apreendida com um dos suspeitos durante operação da PF
Foto: Polícia Federal/divulgação

Segundo a PF, os investigados podem responder, “na medida de suas responsabilidades”, pelos seguintes crimes: “provocar incêndio em mata ou floresta; desmatar e explorar economicamente área de domínio público; falsidade ideológica; grilagem de terra e associação criminosa”. E, certamente, também, por manter trabalhador sob condição análoga à escravidão.

Mais gado do que propriedade no Pantanal

Durante a investigação, a PF pediu laudo pericial de imagens de satélite para detectar alteração do solo na área atingida pelas chamas, além do aumento de rebanhos bovinos entre os anos de 2020 e 2024. 

O documento indica “grande desproporcionalidade entre os bovinos registrados em nome de Carlinhos Boi e a extensão de sua propriedade”, o que teria levado à “utilização de áreas para além dos limites do Retiro Tamengo”, nome da propriedade da família. 

Isso prova que eles se apoderaram de áreas públicas para movimentação do gado, mas as suspeitas não param por aí: é possível que o gado da família Alves Martins seja contrabandeado da Bolívia.

Por fim, a investigação indica que o ponto de ignição do incêndio não foi feito na propriedade de Carlinhos Boi, “mas há indícios baseados em laudos e registros dos policiais federais de que ele e seus filhos tenham iniciado as chamas”, diz o G1.

Fogo constante e incidência criminosa

Em relação ao incêndio, a investigação apurou, a partir do depoimento de uma testemunha, que o objetivo dos suspeitos, ao atearem fogo naquela área, era “tirar a vegetação mais alta, facilitar a visualização do gado e manter uma área com pastagem no local”.

A PF descobriu, ainda, que incêndios nas áreas investigadas são rotineiros, “provocados com o intuito de queimar os capins nativos para que o gado se alimente”. 

Mais: a propriedade da família está registrada no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Sural (Sicar) com o nome de Antoninha Alves de Souza, mas com o CPF do patriarca Carlinhos Boi, que tem uma ficha nada limpa: responde a inquéritos policiais por crimes ambientais e, também, por manter trabalhadores em condições subhumanas.

Segundo o G1, no ano passado, o pecuarista foi multado em R$ 300 mil por “manter casal em chiqueiro, sem alimentação e bebendo água do rio”. O caso “foi investigado pela Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar Ambiental”. 
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Com informações da Polícia Federal e do G1

Foto: Polícia Federal/divulgação

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