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Pirossomas: criaturas gelatinosas proliferam no Pacífico, com o calor, e ameaçam ecossistemas

equilíbrio dos ecossistemas marinhos está ameaçado pelo aquecimento das águas dos oceanos provocado pelas mudanças climáticas. A alteração da temperatura desestabiliza as cadeias alimentares e afeta espécies: reduz ou elimina algumas e promove a sobrevivência e a reprodução de outras, como é o caso das algas e dos pirossomas (Pyrosoma atlanticum) ou ‘picles do mar’.

A presença constante destas criaturas gelatinosas e transparentes, que, na verdade, são colônias de milhares de seres, tem preocupado pesquisadores da Oregon State University. Encontrados em águas quentes ao redor do mundo, se proliferam à medida que águas tradicionalmente frias aquecem.

Durante intensa onda de calor marinha, foram avistados no noroeste do Oceano Pacífico (águas frias) em 2013, pela primeira vez. E agora estão na mira dos cientistas, pois têm sido observadas com frequência elevada nas praias da costa oeste dos Estados Unidos, no litoral de Washington e Oregon.

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Eles investigam a proliferação e o impacto ambiental causado por estes seres a partir de dados de longo prazo sobre espécies do ecossistema da corrente da Califórnia, fluxo de água fria do Oceano Pacífico, que vai do norte ao sul da costa oeste da América do Norte.

Foto: Mark Farley/Oregon State University

Energia, calorias e tamanho

De acordo com estudo divulgado nas revistas New Scientist e BioRxiv, em fevereiro deste ano, os pirossomas representam grande ameaça à cadeia alimentar marinha porque se alimentam de todo fitoplâncton disponível, que são a base de alimento de muitas espécies, como krill e sardinhas.

Lisa Crozier, cientista pesquisadora do NOAA Fisheries – Northwest Fisheries Science Center e coautora do artigo, explica que, ao consumir animais na base da cadeia alimentar, elas “retiram do sistema a energia de que os predadores precisam”.

“Isso poderia ter enormes implicações no fluxo de energia em todo este ecossistema e na quantidade de peixes que podemos capturar”, declara Dylan Gomes, também um dos autores do estudo.

Foto: Mark Farley/Oregon State University

Soma-se a isso o fato de que os pirossomas não são apreciados como alimento por outras espécies e, por isso, não participam efetivamente da cadeia alimentar. 

Além de “difíceis de digerir” – perdendo para as águas-vivas em preferência -, oferecem poucas calorias e, por isso, talvez não compensem o gasto de energia para capturá-los e processá-los. 

“Embora haja evidências de que alguns predadores tenham consumido pirossomas, não estão claros os benefícios energéticos para esses predadores em comparação com crustáceos ou peixes”, explicam os pesquisadores no estudo. E acrescentam: “Há muito que se assume que as presas gelatinosas são becos sem saída tróficos, devido ao seu baixo conteúdo energético”.

Como raramente são presas, proliferam com mais facilidade. E, segundo os pesquisadores, o que pode atrapalhar a pesca na região, como de rei salmão (Oncorhynchus tshawytscha) e de bacalhau, espécies cujas populações foram barbaramente reduzidas desde que se iniciaram as ondas de calor. 

“Se estas espécies não regressarem à sua antiga abundância, a pesca comercial poderá ter de transferir os seus esforços para outras espécies mais facilmente disponíveis”, alertam.

Por último, uma curiosidade sobre os pirossomas, que também chama a atenção dos cientistas: seu tamanho. Formados por colônias translúcidas de milhares de animais multicelulares (zooides) conhecidos como tunicatos, a maioria dos pirossomas atinge apenas alguns centímetros de comprimento, mas alguns podem chegar a 18 metros!
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Com informações de New Scientist, BioRxiv, Superinteressante e O Globo

Foto: Steve Hathaway/reprodução

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