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Péssima qualidade do ar, água verde e mortandade de peixes: sinais de alerta em São Paulo

Péssima qualidade do ar, água verde e mortandade de peixes: sinais de alerta em São Paulo

São Paulo teve três dias consecutivos com uma qualidade do ar considerada insalubre pelo World Air Quality Index (WAQI), plataforma internacional que monitora em tempo real as condições do ar em milhares cidades do mundo inteiro. Nesta quarta-feira (11/09), a situação melhorou um pouco e a poluição é considerada “moderada”, mas o nível de PM2.5 ainda está muito alto, 6,8 vezes superior daquele estipulado pela Organização Mundial de Saúde como aceitável (PM é a sigla para material particulado – partículas formadas por uma combinação de compostos químicos tóxicos, como amônia, nitratos, e sulfatos, além de poeira).

Assim como em outras cidades do Brasil, o que se vê atualmente na capital paulista é resultado de uma combinação de fatores: estiagem, seca e fumaça das queimadas. Essas condições não deixaram apenas o céu cinza e o ar irrespirável e nocivo, mas a água de um dos mais famosos de seus rios, o Pinheiros, verde.

A coloração indicava que esse rio, que agoniza há décadas no meio da metrópole do país, estava sofrendo ainda mais com a proliferação de algas e bactérias, consequência da diminuição de sua vazão. O governo do estado então adotou “medidas de emergência” e através de bombeamento conseguiu melhorar a circulação da água no Pinheiros e o tom verde deu lugar ao tradicional marrom, com o qual os paulistanos já se acostumaram.

E em novo sinal de alerta de que algo muito grave está acontecendo com o meio ambiente, milhares de peixes apareceram mortos na Represa Billings, um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo, que também ficou com sua água verde. Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), da Cetesb, agência ambiental de São Paulo, e da Sabesp, empresa de abastecimento de água, fizeram vistoria hoje pela manhã na região.

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Em nota, a secretaria de meio ambiente afirmou que foi feita a retirada dos peixes mortos da represa e coletadas amostras da água para identificar o que teria causado a mortandade.

Ainda segundo a Sabesp, a população não precisa se preocupar com a qualidade da água, que não teria sido comprometida.

Péssima qualidade do ar, água verde e mortandade de peixes: sinais de alerta em São Paulo
A água do rio Pinheiros completamente verde
Foto: reprodução vídeo YouTube

Em entrevista ao jornal Estadão, o cientista Carlos Nobre, um dos mais respeitados especialistas do mundo em clima, se diz apavorado. “A crise [climática] explodiu. Temos a maior temperatura que o planeta experimentou em 100 mil anos. Desde que existem civilizações, há dez mil anos, nunca chegamos nesse nível, em que todos os eventos climáticos se tornaram tão intensos e muito mais frequentes. São secas em todo o mundo, tempestades, ressacas e, agora, a explosão desses incêndios.”

Há exatos 15 anos, o irmão de Carlos Nobre, o também cientista Antonio Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, já fazia o alerta. Ele explicava a importância da Floresta Amazônica no clima do resto do Brasil. Como bilhões de toneladas de água, que evaporavam de suas árvores, eram levadas pelos chamados rios voadores para outras regiões do país. E se não houvesse freio no desmatamento, São Paulo poderia virar um deserto em um prazo não muito longo e a agricultura seria seriamente comprometida no país. “Não é para parar com o desmatamento da Amazônia em 2015. Era para parar ontem. Tem que ser zero, nenhuma árvore mais derrubada. Precisamos replantar a floresta”, afirmava ele em 2009.

Péssima qualidade do ar, água verde e mortandade de peixes: sinais de alerta em São Paulo
São Paulo foi a cidade com a pior qualidade do ar do mundo na última segunda-feira
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

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