Em 15 de novembro de 2018 (feriado), parte de um viaduto na Marginal Pinheiros (acima da estação de trem da CPTM e próxima da Ponte do Jaguaré),na zona oeste de São Paulo, cedeu cerca de dois metros. Um dos carros que passavam no momento do “acidente” ficou danificado, mas felizmente ninguém se feriu. Isso aconteceu porque sua estrutura estava muito comprometida, claro. E esse é o estado de, pelo menos, cinco construções desse tipo na cidade de São Paulo (ela tem 185 viadutos e pontes), de acordo com peritos da prefeitura. Foi o que eles revelaram à reportagem do jornal Folha de São Paulo publicada no inicio deste mês, em 4/2.
Segundo eles, as pontes Cidade Universitária, Eusébio Matoso e Cidade Jardim (zona oeste), os viadutos Gazeta do Ipiranga e Grande São Paulo (zona sul) e o viaduto General Olímpio da Silveira (centro) correm “risco iminente de colapso”. Ou seja, podem cair a qualquer momento.
A prefeitura nega o risco. Na época do “acidente” com o viaduto, o prefeito era João Dória, agora, o governo está nas mãos de Bruno Covas. Mas, como alertou Carolina Tarrio, uma das pessoas que liderou a mobilização, o descaso é absoluto e não é de hoje. E pior: parece que o número é bem maior.
(Carolina é a jornalista que, em agosto de 2017, liderou campanha contra o impacto das garrafas plásticas de leite, exigindo que a indústria aplique a logística reversa. Ela escreveu sobre essa campanha, aqui, no Conexão Planeta).
Ela conta: “Há mais de dez anos, o Ministério Público cobra da prefeitura rigor na manutenção. Em 2007, um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) obrigando a prefeitura a criar um programa para manutenção de pontes, galerias e túneis, foi assinado pelo prefeito Gilberto Kassab. Mas o TAC nunca foi cumprido”. E acrescenta: “É acintoso ter de protestar e demandar algo tão básico a quem deveria zelar pela manutenção e pelo bom funcionamento da cidade. Mas não estamos dispostos a assistir a mais uma tragédia por omissão e irresponsabilidade”.
Reportagem do mesmo jornal e ata de uma reunião da prefeitura chegaram a registrar 13 pontes com problemas, mas os dados foram negados em seguida. Todos estão no escuro e as vistorias encomendadas estão sendo feitas com contratos que exigem sigilo. Por isso é tão importante protestar. Onde não há transparência, não pode ser bom.
Assim, esta semana, em 20/2, Carolina e amigos, muito preocupados com o estado de conservação da cidade, se manifestaram junto a ponte da Cidade Universitária, uma das que estão em risco. Seu objetivo era alertar as pessoas e a imprensa para a gravidade do problema e exigir providências das autoridades.
Carolina conta como foi a mobilização: “Estendemos uma faixa num cruzamento próximo da ponte Cidade Jardim para alertar transeuntes e motoristas e colher assinaturas para um abaixo-assinado que encaminharemos às autoridades”. E acrescentou: “Além de vigas com ferro exposto, problemas de infiltração e danos no concreto devido à colisão de caminhões, a ponte tem rachaduras tão grandes que, em pelo menos três pontos, existem árvores brotando delas!”.
Quem é paulistano, então, adira a este movimento e assine a petição CONSERTA ESSA PONTE! publicada no site da Avaaz. Ela exige “que as autoridades avaliem as estruturas já, façam consertos imediatos e, caso necessário, interditem as construções. Também exigimos a ampla divulgação dos laudos sobre o estado das pontes”.
Mas se você não mora na capital paulista, fique atento também porque não se trata de um “privilégio” de São Paulo. “Este perigo pode se repetir em outras cidades pelo país, sem que os moradores saibam”, denuncia Carolina.
Portanto, procure saber como estão as construções de sua cidade, fique atento. Já viu plantas brotando do concreto? Pois, então, isso é sinal de falta de conservação de pontes, viadutos e outras construções. Denuncie e, se necessário, replique o movimento iniciado por Tarrio e seus amigos. Sempre usando a hashtag #ConsertaEssaPonte.
Fotos: Renata Ursaia
Acho que eles teem o direito de protestar porque alem disso as pontes são lugares públicos onde nós os seres vivos passamos de carro ou outra via terrestre e até mesmo a pé. Tudo desde que não pregudiquem a natureza tudo bem.