A geração global de eletricidade renovável deve chegar a 17 mil terawatts-hora (TWh) até 2030, um aumento de quase 90% em relação a 2023. Isso seria suficiente para atender à demanda combinada de energia da China e dos Estados Unidos. Nesse mesmo ano, a previsão da Agência Internacional de Energia é que a produção global de energia eólica, aquela produzida pelo vento através de turbinas, ultrapasse a hidrelétrica.
Mas o crescimento do uso de aerogeradores no mundo todo vem acompanhado de um sério problema, o descarte dos resíduos dessas estruturas gigantes, com mais de 50 metros. As pás de uma turbina eólica, fabricadas com uma mistura de fibras de vidro, carbono e resina, têm vida útil de 20 a 25 anos. Após esse tempo elas precisam ser substituídas por novas. E com mais de 300 mil desses equipamentos em operação no planeta, o que tem se visto é a proliferação de “cemitérios de pás”.
Em muitos países, há iniciativas para o reuso e a tentativa de reciclagem delas, mas assim como os resíduos plásticos, é impossível fazer a reutilização dessa quantidade enorme de pás descartadas. Dados apontam que, até 2050, 50 milhões de toneladas de pás necessitarão ser trocadas.
Todavia, a startup alemã Voodin Blade Tecnology desenvolveu uma alternativa mais barata (preço 20% menor em relação às tradicionais), sustentável e igualmente resistente para as pás eólicas, ao produzi-las com madeira laminada folheada (LVL). Segundo a empresa, a matéria-prima é certificada, 100% biodegradável e reciclável.
“No final do seu ciclo de vida, a maioria das pás é enterrada no solo ou incinerada”, diz Tom Siekmann, CEO da Voodin. “Com nossa solução, queremos ajudar a energia verde a se tornar realmente a mais verde possível.”
Após uma fase de testes com as pás de madeira na Alemanha, a Voodin fechou uma parceria com a companhia indiana Senvion – em 2023, o país era o quarto maior produtor de energia eólica do mundo, atrás somente da China, Estados Unidos e Alemanha -, que irá avaliar a eficiência da nova tecnologia.
Foto: divulgação Voodin Blade Technology
A Voodin ressalta também que o processo de produção das pás é todo automatizado e com isso exige uma menor mão de obra. “Como resultado, a fabricação não precisa ser feita em países com custos de mão de obra mais baixos. Isso significa que a produção também é possível mais perto dos parques eólicos, permitindo que os custos de transporte e as emissões causadas pelo transporte sejam reduzidos”, ressalta Siekmann.
Em 2024, outra startup, mas da Suécia, a Modvion, anunciou a construção de uma torre eólica também feita de madeira, com uma redução de 90% das emissões em comparação à confecção de uma similar em aço.
*Com informações adicionais da Good News Network e Wood Central
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Foto de abertura: divulgação Voodin Blade Technology
