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Paris vai transformar 60 mil vagas de estacionamento em áreas verdes, até 2030 

Paris vai transformar 60 mil vagas de estacionamento em áreas verdes, até 2030 

Há anos, Paris tem chamado a atenção do mundo devido a medidas adotadas para reduzir emissões de carbono, em especial desde que Anne Hidalgo se tornou prefeita da cidade, em 2014 (primeira mulher a ocupar o cargo, ela foi reeleita em 2020). 

Seu Plano Climático – lançado no ano passado e aprovado pelo Conselho de Paris (o equivalente à Câmara Municipal) com foco no tríptico “mais rápido, mais local e mais justo” – revela que o governo e os parlamentares estão empenhadíssimos em fazer a transição ecológica da cidade para combater a crise climática, propondo-se a reduzir 80% da pegada de carbono em comparação a 2004 (os 20% restantes serão resolvidos com medidas de compensação).

O plano consiste em 400 medidas – principalmente locais e que também visam reduzir desigualdades sociais – a serem executadas em curto, médio e longo prazos, em escala global, mas também em cada distrito. Para tanto, o governo definiu metas concretas que priorizam a vegetação e tornarão a cidade mais verde, mais amigável aos pedestresmais livre de carros e mais resiliente contra extremos climáticos.

Entre as medidas está a redução da circulação de carros individuais, apoiando a mobilidade de baixo carbono. Para isso, está prevista a transformação de 60 mil vagas de estacionamento com a criação de 300 hectares de espaços verdes de modo a atingir 10m² de vegetação por habitante (a ONU indica 12m2) – sendo que 10% do projeto será realizado até 2026. 

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Paris vai transformar 60 mil vagas de estacionamento em áreas verdes, até 2030 
Foto: StockSnap / Pixabay

As vagas atualmente ocupadas por carros, nas ruas, podem ganhar canteiros arborizados, o que também promoverá a absorção de águas pluviais, como acontece com os jardins de chuva (veja como funciona).

Outra medida incluída no plano é o aumento das tarifas de estacionamentos não-residenciais para veículos como SUV (sigla em inglês para Sport Utility Vehicle) e 4×4 – em geral, maiores do que as demais categorias -, que foi votada e aprovada pelos parisienses no início do ano passado (contamos aqui).

Na ocasião, a prefeitura de Paris destacou, em nota, “o aumento exponencial dos SUVs que, representam agora 40% das vendas de veículos” e os “numerosos problemas que eles criam para o ambiente, a segurança e a partilha equitativa do espaço público”.

O plano também contempla a criação de 120 novas fontes de nebulização e de ‘praças oásis’ em cada um dos 20 distritos de Paris, com mais áreas verdes nas quais árvores e estruturas de sombra (como gazebos) servirão como refúgio do sol para moradores e animais e ajudarão a reduzir a temperatura local e ao redor.

E ainda está prevista a instalação de mais 30 km de ciclovias. Sob a gestão de Anne Hidalgo, que tem priorizado pedestres e ciclistas em Paris, foram construídos 84 km de ciclovias desde 2020, e dados divulgados pela prefeitura indicam aumento de 71% no uso de bicicletas entre o final da pandemia e 2023.

As medidas propostas no Plano Climático, que focam na redução das emissões e da circulação de carros, resultarão, certamente, em um reequilíbrio do espaço público, favorecendo, também, a descarbonização dos transportes, que ainda conta com a redução dos limites de velocidade e o redirecionamento do tráfego na Cidade Luz.

Rio Sena limpo, telhados ‘frios’ e energia renovável

Para garantir mais qualidade de vida na cidade, o plano climático de Paris ainda propõe ajustes na jornada de quem trabalha ao ar livre, o resfriamento dos telhados dos prédios públicos (são cerca de mil imóveis que poderão receber revestimentos refletivos, como pintura branca, ou arborização) e a limpeza do rio Sena, para que todos possam tomar banho em suas águas ainda este ano. 

Vale lembrar que, em julho de 2024, Anne Hidalgo mergulhou no Sena a nove dias das Olimpíadas, para provar a pureza da água (contamos aqui). Mas, infelizmente, alguns atletas tiveram que interromper sua participação nas competições aquáticas: dois deles tiveram infecções gastrointestinais

“Construir menos, regenerar mais e reduzir a pegada de carbono das novas construções” é o lema do Plano Local de Urbanismo Bioclimático. Para tanto, uma das medidas é a retirada progressiva do concreto, que será substituído por materiais ecológicos

Para vencer a meta de 100% de energia renovável estão previstos a redução de 30% do consumo da iluminação pública (até 2026) e o desenvolvimento de 6 mil micro instalações de produção de energia limpa em edifícios. Este será o grande desafio da cidade visto que há muitos prédios antigos em Paris, alguns construídos entre os séculos V e XV.

Enquanto prefeitos brasileiros como Ricardo Nunes, de São Paulo, e Eduardo Pimentel, de Curitiba, anunciam a derrubada de árvores para a realização de obras questionáveis, Anne Hidalgo avança para transformar Paris numa cidade cada vez mais saudável para moradores e turistas. Um exemplo para todas as cidades do mundo.
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Foto (destaque): Alexandra Koch / Pixabay

Com informações do Plano Climático de Paris, Bloomberg

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