Durante muito tempo, quando se falava em empreendedorismo no Brasil, o que vinha à mente eram automaticamente grandes companhias ou empresários do país. Incomodado com a invisibilidade de milhões de brasileiros e brasileiras, que eram micro ou pequenos empreendedores, um grupo de jovens de Curitiba fundou uma organização que tinha três pilares principais: empoderamento, conexão e capacitação.
“Estamos falando da base da base da pirâmide empreendedora, de pessoas que não se enxergam como empreendedoras, não conseguem entender a linguagem do setor e não acreditam que oportunidades como cursos, premiações ou ofertas de crédito sejam para elas. Elas não se sentem capazes ou empoderadas o suficiente. Percebemos que essa base não estava conectada com esse ecossistema vibrante do empreendedorismo no Brasil e decidimos que nosso foco seria conectá-las com ele”, explica Lina Maria Useche Kempf, co-fundadora da Aliança Empreendedora.
Graças ao trabalho realizado pela organização ao longo dos últimos 19 anos, mais de 200 mil empreendedores em todos os estados brasileiros receberam capacitação, que os permitiu crescer profissionalmente e assim, alavancou uma maior inclusão social e econômica dessa população. Dessas milhares de pessoas impactadas, 80% são mulheres e 60% delas pessoas negras.
Como reconhecimento a essa trajetória, a Aliança Empreendedora foi uma das cinco entidades premiadas com o The WE Empower Challenge, promovido pelas Nações Unidas e a Vital Voices, organização fundada por Hillary Clinton, ex-primeira-dama dos Estados Unidos e secretária de Estado, e Alyse Nelson, atual presidente e CEO.
A entrega do prêmio aconteceu em 25 de setembro, durante uma cerimônia em Nova York. Mais de mil projetos do mundo inteiro concorreram ao The WE Empower Challenge e a iniciativa brasileira foi a escolhida como representante para a América Latina e Caribe.
“Além da chancela incrível recebida da ONU e da Vital Voices, nessa viagem de dez dias a Nova York participamos de eventos inspiradores e fizemos conexões importantes, que podem gerar recursos financeiros e a realização de novos projetos no Brasil”, diz Lina.
Além do reconhecimento, a Aliança Empreendedora também concorreu, junto as outras quatro vencedoras, de uma apresentação para investidores e foi escolhida, pelo voto popular, como a vencedora, ganhando U$ 20 mil. “Esse dinheiro vai ser muito importante para investirmos nos nossos projetos aqui.”
Entre os projetos criados pela ONG brasileira está o Tamo Junto, que concorreu ao prêmio Global Citizen Prize – Cisco Youth Leadership, em 2019, e sobre o qual escrevi nesta outra reportagem.
Atualmente no Brasil, 95% das empresas são micro e pequenas, 70% são informais e quase metade delas são administradas por mulheres e empreendedores negros. Segundo dados do Sebrae, esses negócios geram mais de 60% dos empregos do país e contribuem com quase 30% do PIB no primeiro semestre de 2024.
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Foto de abertura: divulgação Aliança Empreendedora