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O mico-leão dourado e sua juba brilhante: a insistência em sobreviver na Mata Atlântica

No meio da floresta ancestral, eles fincaram raízes. São antigos moradores, sombreados pela Mata Atlântica, a pular de galho em galho. Desde antes de o Brasil ser Brasil aqui é o lar de quatro espécies do pequeno primata, todas elas endêmicas da floresta xará do oceano, ou seja, só ocorrem nesse bioma.

Espertos, ágeis e belos, os micos-leões pertencem ao gênero Leontopithecus. Por dependerem das florestas, infelizmente todas as quatro espécies se encontram ameaçadas de desaparecer, vítimas da fragmentação da floresta para dar lugar às cidades, onde vivem cerca de 70% da população humana do país.

O mais famoso deles é o mico-leão-dourado, habitante querido das florestas que ainda restam na baixada costeira do estado do Rio de Janeiro, e em mais nenhum lugar do mundo.

Perambulam faceiros entremeando a vegetação preservada. É justamente a presença das últimas populações de micos-leões-dourados ali que torna a Mata Atlântica de baixada uma das áreas prioritárias para conservação.

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Eles são miúdos, com 20 cms de altura, mas ostentam imensa beleza. Cada família, formada por uma fêmea, um ou dois machos e cerca de três filhotes, precisa de uma área de 50 hectares de floresta para viver, se alimentar, se desenvolver.

Dormem nos ocos das árvores, comem frutos e pequenas presas, exercem seu direito à vida. O pelo reluzente em meio à paisagem faz deles presas chamativas para gaviões, cobras e felinos. Mas a maior ameaça é mesmo o ser humano.

Em contrapartida, protegê-los também é propósito de homens e mulheres da Associação Mico-Leão-Dourado há décadas. No Brasil e no exterior, pesquisadores deram as mãos para impedir que a espécie fosse extinta.

Dois pioneiros da causa são os pesquisadores Lou Ann e James Dietz, americanos que fizeram seu lar em terras brasileiras na década de 1970 e dedicaram boa parte de suas vidas aos estudos dos micos-leões e dos lobos-guarás. Eles agora nomeiam a sala de exposições da associação.

Mesmo com o avanço das mudanças climáticas, com a devastação das florestas, com o descaso do governo com as questões ambientais, os pesquisadores amigos do mico fazem história, preservando-os e permitindo a manutenção e o crescimento das populações, produzindo ciência.

Vão além! Permitem que a humanidade também se beneficie dos serviços ambientais fornecidos pelas florestas: água de qualidade, em quantidade; controle da temperatura; melhoria da qualidade do ar; polinização. Tudo de graça.

Conservar a Mata Atlântica da região é conservar essa espécie única e impedir que o mico-leão-dourado exista apenas na nota de R$ 20.

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Fotos: Adriano Gambarini

Edição: Mônica Nunes

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