Com a chegada do outono e as alternâncias das temperaturas, a correria de final de semestre se aproximando, finais de semana gelados e semanas quentes, o sol vai ficando mais raro de esquentar a nossa pele, que vai empalidecendo e perdendo o lustro do verão. No entanto, o gengibre cresce nesta época do ano firme e forte, acumulando em suas raízes esta energia renovadora do sol e emprestando àqueles que o consomem esse motor energético que propulsiona o metabolismo, expande a imunidade, limpa as vias aéreas e perfuma o corpo de dentro pra fora. Esta raiz também empresta um sabor inigualável aos pratos do dia a dia, do purê de abóbora ao suco de limão, da geléia de abacaxi, frango assado ao molho de soja, ele dá colorido aos sabores.
O gengibre é uma planta vigorosa para se ter em grandes vasos (melhor quando são os quadrados de boca larga) na horta. Cultiva-se em longos sulcos, distanciados entre si. O ideal é plantá-lo em espaços de 1,40m, necessários para realizar as sucessivas amontoas durante o seu crescimento (explico melhor mais adiante).
Coloca-se um pedaço do rizoma, que nada mais é que uma raiz (articulada e gorda cheia de nutrientes) com os brotos, no sentido diagonal em relação ao sulco de onde surgirão as novas folhas. Cada rizoma deve distanciar-se um do outro em 20 cm para que as folhas nasçam perpendicularmente, sem que se entrelacem, dificultando os tratos culturais.
Depois, cubra o pedaço do rizoma com 5 a 10 cm de terra bem adubada e misturada com extrato orgânico, pois a raiz do gengibre é leve e delicada, assim necessita de uma terra rica, com bom teor de umidade, porém que não acumule demasiadamente água. Portanto, se o seu solo for argiloso, adicione a ele uma boa parte de areia e palha para torná-lo mais suave e permeável.
O preparo do solo deve ocorrer três meses antes do plantio para a obtenção de PH ente 5,5 e 6,5. Quando o solo estiver preparado, deve se proceder com a adubação colocando-se 700 gm por metro de sulco e sucessivamente durante os procedimentos da amontoa, 500 gm de adubo orgânico aos 90, 120, 150, e 180 dias.
O cultivo do gengibre pede regas constantes, pois os níveis de fertilidade do solo vão diminuindo à medida que as raízes vão se desenvolvendo e a água vai levando os nutrientes embora. Por isto, à cada procedimento de amontoa, operação de reagrupar o solo sobre as raízes, a colocação do adubo é muito importante. Pode-se consorciar o gengibre com o cravo de defunto, também conhecido como tagetes, para prevenir a presença de nematóides (vermes) no solo e manter as faixas entre os cultivos cobertas e sua qualidade. Na medida em que o ciclo do tagete terminar, (120 dias ) será hora de proceder com a segunda e terceira amontoas.
O ponto de colheita do gengibre ocorre quando as folhas começarem a amarelar e os brotos também. Ao retirar delicadamente as raizes do solo, lave-as jato de água para retirar a terra e as deixe secar em área coberta por dois dias. A partir deste momento, o gengibre pode ser consumido. Suas propriedades para diminuir tosse e rouquidão estão neste momento mais ativas.
Gengibre é excelente para aliviar tosse e rouquidão
À medida que vão passando as semanas, a raiz vai secando e perdendo vitalidade, ficando exposta a fungos e podridão, caso não seja bem armazenada. Recomenda-se mantê-lo em geladeira a 13º C. Já a partir da terceira semana, com esses mesmos rizomas, é possível iniciar novamente outro ciclo de cultivo. No entanto, não se recomenda plantá-lo no mesmo lugar, uma vez que a raiz exige bastante do solo. Uma alternância de cultivos ou adubação verde são indicadas, bem como o descanso do solo.
Agora que você sabe cuidar do gengibre, pode adiantar-se em preparar o solo para cultivá-lo e colhê-lo no ano que vem para fazer seu quentão com um sabor mais que especial!
E uma vez que você sabe os segredos de cultivo do gengibre, sabe também cuidar das plantas da mesma família, (Zinziberaceas), como a cúrcuma ou tumerico, alpinia rubra, alpinia nutans, o lírio do brejo (Hedychium coronarium) e a cana do brejo (Costu spicatus), ilustradas nas fotografias abaixo.
Todas elas são plantas ornamentais de alto valor estético e ecológico. Atraem borboletas e beija-flores e crescem sem problemas em terrenos tropicais, quando cultivadas em terrenos arenosos, à beira do mar e de pequenos riachos ou cachoeiras. São plantas que fornecem proteção ao solo, pois suas folhas são largas e volumosas, diminuindo o impacto das gotas de água no solo. Podem auxiliar na contenção de encostas quando há erosão, além de serem muito apreciadas e fornecerem flores para corte e composições ornamentais.
A alpinia nutans fornecer flores aromáticas para infusão
Alpinia rubra
Bastão do imperador
Zingiber spectabile, uma espécie rara e belíssima de gengibre
Helicrisum
Fotos: domínio público/pixabay