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Novas espécies de peixes “cascudinhos” são descobertas na Amazônia

Novas espécies de peixes "cascudinhos" são descobertas na Amazônia

Uma recente expedição realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) à bacia do rio Tapajós, na Amazônia brasileira, resultou na descoberta e descrição formal de duas novas espécies do gênero Hoplisoma, um tipo de cascudo. Os peixes, batizados de Hoplisoma noxium e Hoplisoma tenebrosum, tiveram sua descrição taxonômica detalhada em estudo publicado na revista Neotropical Ichthyology.

O artigo também apresenta uma ampla discussão sobre a relação entre a anatomia do mesetimoide, um osso da cabeça, e o formato do focinho dentro da subfamília Corydoradinae, pequenos cascudos predadores de invertebrados. Segundo os pesquisadores, as modificações relacionadas ao focinho têm um impacto direto na interação dos peixes com o ambiente, especialmente em relação à alimentação. 

A pesquisa revelou que o formato do focinho, por si só, não é tão informativo quanto se pensava, com diferentes tipos deles ocorrendo independentemente nos diversos gêneros, indicando convergência adaptativa, o que ocorre quando espécies que não são estreitamente relacionadas evoluem independentemente características semelhantes como resultado de terem se adaptado a ambientes ou nichos ecológicos (funções) semelhantes. 

Outro achado durante a expedição foi a constatação, através do conhecimento dos “piabeiros” — ribeirinhos coletores de peixes ornamentais —, que as duas novas espécies têm uma toxina extremamente forte, muito mais potente do que a de outras espécies de Corydoradinae conhecidas. De acordo com os nativos da região, ser “espetado” por esses peixes causa dor intensa, inchaço e vermelhidão, e eles podem rapidamente matar outros peixes no mesmo recipiente de transporte, tornando a água leitosa e espumosa. Esse conhecimento tradicional dos ribeirinhos se mostrou crucial para a compreensão das características únicas dessas novas espécies.

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O financiamento do projeto foi viabilizado por uma iniciativa de crowdfunding realizada por aquaristas de todo o mundo. Essa colaboração entre ciência e hobby permitiu a coleta de amostras no rio Tapajós, nas proximidades de Jacareacanga (PA) e Maués (AM).

“Para minha sorte, os peixes que eu estudo têm um apelo muito grande na aquariofilia mundial, e a minha relação com esse público sempre foi muito benéfica e produtiva. Esta oportunidade ímpar me ajudou a realizar essas expedições mais longas e em locais distantes, o que aumenta consideravelmente seus custos”, explica Luiz Fernando Caserta Tencatt, um dos autores do artigo.

Novas espécies de peixes "cascudinhos" são descobertas na Amazônia
Hoplisoma tenebrosum, a outra espécie descrita no novo estudo da Neotropical Ichthyology
Foto: Ingo Seidel

*Texto publicado originalmente pela Agência Bori em 04/04/25

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Foto de abertura: Hans Evers

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