Hypsolebias lulai foi o nome científico escolhido por pesquisadores para batizar a nova espécie de peixe descoberta em pequenas poças temporárias no Rio Grande do Norte, no bioma Caatinga. Segundo os cientistas responsáveis pela descrição, é uma homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “responsável pelo restabelecimento de ações de preservação e valorização socioambiental e retomada do incentivo a ciência brasileira, fortemente atacadas e desestimuladas no governo anterior”.
A nova espécie, encontrada na na bacia do rio Trairi, é um “peixe das nuvens”. Eles são chamados assim popularmente, e também como “peixes da chuva”, porque como outras espécies do gênero Hypsolebias, esse também possui um ciclo de vida curto. Em poucos meses esses peixinhos tem o seu ciclo de vida completo: nascem, crescem e se reproduzem, já que dependem da chuva para completá-lo, antes que as poças temporárias onde vivem secarem e morrerem.
Todavia, antes de morrerem, durante o período da reprodução, esses peixes enterram seus ovos no fundo da poça, que ficam lá até as próximas chuvas, quando finalmente eclodem. Daí o nome “peixes das nuvens” ou “peixes das chuvas”, “pois no imaginário popular a sua origem se dá a partir das nuvens”, explicam os pesquisadores.
Entre as características que chamam a atenção desse peixe de apenas 5 centímetros está um brilho azul metálico em torno das manchas nas fêmeas. Já os machos são maiores do que elas e mais coloridos.

Uma fêmea da nova espécie, coletada na Lagoa Salgada, na bacia do rio Trairi
(Foto: Telton Ramos / Instituto Peixes da Caatinga)
Infelizmente, a espécie recém-descoberta já está em risco de extinção, ameaçada pelo desmatamento da região, provocado pela atividade agrícola, e ainda, a presença no local de uma espécie exótica, a tilápia (Oreochromis niloticus), que pode se alimentar de seus ovos e filhotes.
Os envolvidos acreditam também que, ao nomear o peixinho com o nome de Lula, chamam a atenção para a proteção desses animais e levam mais conhecimento aos leigos. “Estamos aquém do que deveríamos no conhecimento da diversidade e conservação desse grupo de peixes, sabemos muito pouco ainda, e o que não tem nome, não é protegido”, diz Telton Ramos, biólogo do Instituto Peixes da Caatinga e da UFPB.
O novo peixe foi descrito por cientistas do Instituto Peixes da Caatinga, das universidades federais da Paraíba (UFPB) e do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Universidade de Taubaté em um artigo publicado nesta sexta-feira (20/10), na revista “Neotropical Ichthyology”.
A localidade onde o peixinho Lula foi descoberto
(Foto: Telton Ramos / Instituto Peixes da Caatinga)
*Fonte: Agência Bori e Instagram Peixes da Caatinga
Foto de abertura: Telton Ramos / Instituto Peixes da Caatinga
Gostei da homenagem e realmente pode ajudar a preservar da extinção