A região de florestas tropicais da Cordilheira dos Andes, no Equador, é considerada um dos maiores ‘hotspots’ de biodiversidade do planeta. Foi lá nas chamadas “Florestas Nubladas”, a mais de 1 mil metros de altitude, com sua rica vegetação e lar de animais raros, que pesquisadores descobriram uma nova espécie de cobra – a cobra-café-tudor (Ninia guytudori).
Esse tipo de serpente vive no solo de cafezais – daí o nome “café”. Ela tem cerca de 40 centímetros, não é venenosa e se alimenta de minhocas e insetos. Com o corpo coberto por escamas de tom preto, ela tem apenas a região do “pescoço” branca.
Uma das principais curiosidades sobre a cobra-café-tudor é que ela achata o corpo e a cauda quando se sente ameaçada, parecendo ter um tamanho bem maior.
“Ela também produz uma secreção com um cheiro bem forte e ruim para se defender”, diz o biólogo e fotógrafo Alejandro Arteaga.
A descrição da nova espécie foi relatada por pesquisadores da Khamai Foundation e a Liberty University, em artigo científico publicado no jornal Evolutionary Systematics. Na verdade essa serpente já era conhecida, mas até agora era confundida com outra espécie.
O nome é uma homenagem ao naturalista e ilustrador americano Guy Tudor, que com seu trabalho ajudou a conservação de pássaros na América do Sul.
Ao lado de um time de pesquisadores, biólogos e fotógrafos, Arteaga está produzindo um livro descrevendo todas as espécies de répteis do Equador. A obra, que vem sendo preparada há anos, conta com fotografias e ilustrações de 495 espécies – 245 só de cobras, e será lançada em agosto de 2024.
Quando ameaçada, a cobra-café-tudor achata o corpo e a cauda
(Foto: Jose Vieira)
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Foto de abertura: Alejando Arteaga