Desde 2014, tenho pensado e pensado e pensado em todas as ideias mirabolantes que eu poderia ter para conseguir aproximar as pessoas da Amazônia, até perceber que essa aproximação para mim é fácil porque a vivo, mas e para quem nunca esteve lá? E para quem nunca estará?
Aí, conversando com a Mãe Terra (em meus momentos de meditação e em meio à Mata Atlântica das cidades que mais frequento, como Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis), finalmente compreendi: para nos sentirmos mais próximos de qualquer parte do planeta, precisamos primeiro nos sentir próximos da natureza que pulsa vida bem ao nosso lado.
O chão sobre o qual pisamos todos os dias.
As plantas de nossas casas.
A água que bebemos diariamente.
Os pássaros que enxergamos no céu sobre nossas cabeças.
O ar que refresca nosso respirar.
As árvores das calçadas pelas quais caminhamos.
As nuvens do céu.
O sol.
A lua.
A chuva que cai.
Estamos sendo convidados pela vida a resgatarmos, em nosso dia a dia, o sentido de “wonder”, de maravilhamento, de encantamento para o que pulsa ao nosso redor. Chegaremos nesse estágio ao nos permitirmos pausas para sermos os seres vivos, mamíferos, livres e soltos, independentes e instintivos, em nossa relação com as outras formas de vida que nos rodeiam.
Mais silêncio, menos falar compulsivo.
Mais caminhadas e passeios de bicicleta, menos carros, ônibus e metrôs.
Mais pausas ao longo do dia para olhar pela janela, menos a tela do telefone ou do computador.
Mais comer com tranquilidade, menos comer distraidamente.
Mais toque nas plantas e em nossos animais de estimação, menos distanciamento
Aos poucos, liberaremos as cascas de tanto aprisionamento no qual nos metemos e voltaremos a nos aproximar da vida que pulsa dentro e fora de nós. É uma dança. E o universo nos convida a dançar.
Ao terminar de ler esse texto, olhe para o lado e enxergue a beleza da vida fora de você.
Esse é o caminho da reconexão afetiva não apenas com a Amazônia, mas com toda vida – potente, curativa, divina – existente no planeta Terra.
Foto: Andressa Voltolini/Unsplash