Durante mais de um século, desde a sua descrição em 1902, só se conhecia o musaranho do Monte de Lyell (Sorex lyelli) através de ilustrações. Esse minúsculo mamífero, que mede cerca de 10 cm, é endêmico da Califórnia, nos Estados Unidos, e nunca antes tinha sido fotografado vivo. Mas graças ao esforço e determinação de três jovens cientistas, finalmente esse pequeno animal está propriamente documentado.
O primeiro e maior desafio era encontrar os musaranhos nas montanhas da região de Sierra Nevada, a mais de 2 mil metros de altitude. Para isso, os pesquisadores da Academia de Ciências da Califórnia espalharam 150 armadilhas para capturá-los – pequenos copos, enfiados no solo, com comida de gato e larvas de farinha para atraí-los.
A cada duas horas era necessário checar todas as armadilhas porque esses musaranhos possuem um metabolismo muito acelerado e podem morrer rapidamente, se não tiverem comida ou passarem frio. Para alegria e surpresa de todos, nas primeiras 24 horas, cinco indivíduos foram capturados.
“Felizmente, a espécie parece ainda ter uma população saudável neste local. Ao longo de três dias, capturamos seis musaranhos que pudemos confirmar como S. lyelli por meio de genética ou exame odontológico”, descreveu Prakrit Jain, estudante de 20 anos, da Universidade da Califórnia, Berkeley, em suas redes sociais.
Muitas vezes confundido com um rato, o musaranho não é um roedor. Esse mamífero, de nariz longo, tem hábitos noturnos e se alimenta de insetos e aracnídeos. Alguns dos indivíduos fotografados agora, pela primeira vez, pesavam apenas 1,5 gramas!
A última vez que o musaranho do Monte de Lyell foi avistado na natureza tinha sido há 20 anos. Pouquíssimo se sabe sobre seu comportamento. A espécie é considerada como “altamente a extremamente vulnerável” às mudanças climáticas. Com as novas imagens e vídeos feitos durante os três dias da expedição em campo, os pesquisadores esperam entender um pouco mais sobre esse pequeno habitante das montanhas da Califórnia e se são necessárias medidas para sua conservação.
Abaixo o vídeo divulgado pela Academia de Ciência da Califórnia mostrando o trabalho envolvido na documentação do musaranho:
*Com informações adicionais do jornal The Guardian e San Francisco Standard
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Foto de abertura: Vishal Subramanyan / Prakrit Jain / Harper Forbes / Cal Academy