Conhecida por suas listas anuais, a revista norte-americana TIME divulgou, esta semana (12/11), a lista dos 100 líderes mais influentes que conduzem os negócios para uma ação climática efetiva: a
TIME100 Climate List. Entre eles está o brasileiro Fernando Haddad, ministro da Fazenda.
A mais nova lista da TIME – a primeira foi lançada em 2023 – divide os escolhidos em cinco grupos: Titãs (no qual está Haddad), Catalisadores, Inovadores, Líderes e Defensores.
No perfil de Haddad, o jornalista Max de Valdehang (que também perfilou a presidente do México)
classifica o ministro como “a força por trás da missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar o maior país da América Latina, que antes estava atrasado em prioridades ambientais, em um líder climático global“.
Para tanto, Haddad lançou – junto com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima -, durante a COP28 do Clima, realizada em Dubai, no ano passado, o Plano de Transformação Ecológica, com o qual se comprometeu a criar milhões de “novos empregos verdes”, impulsionando o crescimento econômico.
‘Trata-se da criação de uma nova conduta e postura em relação ao Meio Ambiente’, declarou na ocasião. Seu objetivo, explicou à TIME, é “mostrar que o planeta é capaz de conciliar uma agenda ambiciosa de sustentabilidade com uma agenda econômica e produtiva ambiciosa”.
Por fim, o ministro declara que “a mensagem que queremos enviar ao mundo é que é impossível enfrentar o desafio climático sem olhar para sua conexão íntima com as finanças internacionais” (leia o perfil completo no final deste texto).
Nas redes sociais, Haddad declarou ser “uma boa surpresa ter sido nomeado pela revista TIME como uma das lideranças climáticas mais influentes no mundo em 2024. Podemos fazer com que o planeta consiga conciliar uma agenda ambiciosa de sustentabilidade com uma agenda econômica e produtiva ambiciosa“.
Outros nomes entre os 10 primeiros homenageados
Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, é a personalidade mais influente do mundo e ilustra a capa da revista. Entre os dez primeiros do grupo dos Titãs figuram, além de Haddad, que é o 10º:
– Jennifer Granholm, secretária do departamento de energia dos Estados Unidos;
– Bill Gates, fundador da Microsoft, da Breakthrough Energy, organização de inovação em energia sustentável;
– Susana Muhamad, ministra do Clima e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia;
– Príncipe Harry, fundador da Travalyst, parceria global de empresas de tecnologia e de viagens que busca transformar o futuro do turismo, tornando-o mais sustentável;
– Anne Hidalgo, prefeita de Paris, que destaca, entre suas propostas para a cidade, transformá-la numa cidade 100% verde;
– Claudia Sheinbaum, presidente do México eleita este ano (a primeira mulher no cargo), é formada em física, com mestrado em engenharia de energia e doutorado em engenharia ambiental, e integrou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) a partir de 2007, quando a organização recebeu o Prêmio Nobel da Paz;
– Damilola Ogunbiyi, presidente da organização Sustainable Energy for All (Energia Sustentável para Todos) e copresidente da divisão de Energia da ONU; e
– Edward (Ed) Miliband, secretário de Energia no governo de Keir Starmer (eleito em junho), no Reino Unido, busca a liderança climática depois de anos de retrocesso. Em sua prmeira viagem internacional, escolheu o Brasil para dar início a “uma nova era de parceria baseada em nossos valores comuns de justiça social e proteção ambiental”.
No grupo dos Defensores está o jovem Boyan Slat, fundador e CEO da organização sem fins lucrativos The Ocean Cleanup, sobre o qual contamos aqui. Ele lançou seu projeto de limpeza dos oceanos em 2018, quando tinha 18 anos (entrou em operação apenas em 2019) e pretende livrá-los de 90% do plástico flutuante até 2040.
“Desde 2019, removeu mais de 19.000 toneladas de plástico e estima que poderia limpar toda a mancha de lixo do Pacífico – acúmulo de plástico oceânico na costa da Califórnia – por US$ 7,5 bilhões. Mas Slat diz que seu plano é economizar dinheiro e recursos interrompendo as operações marítimas por um ano, recomeçando em 2025, e usar o tempo para aperfeiçoar sua técnica de prever onde estão os aglomerados de plástico oceânico”, conta o jornalista Harry Booth, da TIME.
Haddad no perfil da TIME
Leia a íntegra do texto de apresentação do ministro Fernando Haddad, a seguir:
“O Ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, é a força por trás da missão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar o maior país da América Latina, que antes estava atrasado em prioridades ambientais, em um líder climático global.
O plano de transformação climática de Haddad (Plano de Transformação Ecológica] visa criar milhões de novos empregos verdes e impulsionar um crescimento econômico significativo.
O objetivo é “mostrar que o planeta é capaz de conciliar uma agenda ambiciosa de sustentabilidade com uma agenda econômica e produtiva ambiciosa”, disse Haddad à TIME.
Uma dessas políticas reduziria a enorme dependência do setor agrícola brasileiro defertilizantes estrangeiros investindo em produção doméstica mais verde. Outra impulsionaria o crescimento em regiões mais pobres construindo capacidade solar e linhas de transmissão para lugares com pouca eletricidade.
Em dezembro passado, Haddad apresentou um plano abrangente para orientar essa transição. Algumas de suas principais políticas, como a emissão de títulos verdes, apenas colocariam o Brasil em contato com os vizinhos latino-americanos após quatro anos de retrocesso sob o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas outros, como um projeto de lei inspirado no esquema de comércio de emissões da U.E., colocariam o Brasil entre apenas um punhado de países em desenvolvimento na vanguarda das finanças verdes — e à frente de outras grandes economias como os EUA e o Canadá.
Haddad espera exercer essas ambições e um fundo inovador que visa arrecadar US$ 125 bilhões para florestas tropicais ao redor do mundo, quando o Brasil sediar o G20 em novembro [dias 18 e 19] e a cúpula climática anual da COP da ONU no ano que vem [a COP30, em Belém/PA].
“A mensagem que queremos enviar ao mundo”, diz Haddad, “é que é impossível enfrentar o desafio climático sem olhar para sua conexão íntima com as finanças internacionais”.
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Foto: Ricardo Stuckert/PR