“Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a Floresta Amazônica, que não respeita o Acordo de Paris. A França não assinará o Acordo do Mercosul nessas condições”, afirmou Elisabeth Borne, ministra francesa do Meio Ambiente, ontem (08/10), em entrevista à emissora de televisão BFM.
Firmado depois de mais de 20 anos de negociações, o tratado tem como principal objetivo eliminar, nas próximas décadas, mais de 90% das tarifas comerciais praticadas atualmente entre a União Europeia e os países do Mercosul – Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Um dos setores mais beneficiados será o agrícola.
A finalização do acordo ainda depende da aprovação dos países europeus. Entre as exigências para que ele entre em vigor, está a implementação das metas estabelecidas no Acordo de Paris, como redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa.
Esta não é primeira vez que o governo de Emmanuel Macron declara suas intenções em arruinar o fechamento do tratado. Em agosto, França, Finlândia e Irlanda já tinham ameaçado aplicar sanções comerciais contra o Brasil por causa do desmatamento na Amazônia.
O último levantamento divulgado pelo Imazon apontou que o desmatamento na Amazônia teve aumento de 60% em agosto. Foram destruídos 886 km2 de floresta.
A imagem do Brasil fica ainda pior, interna e externamente, quando o presidente Jair Bolsonaro mostra o completo desprezo pela preservação de uma das maiores riquezas do país, como no começo do mês, quando disse, em alto e bom tom: “O interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore, é no minério!”.
Segundo dados do ministério da Economia, a entrada em vigor do Acordo do Mercosul poderá representar um aumento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos.
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Foto: reprodução Facebook Elisabeth Borne