“Não pude estar presente ao aniversário de três anos do meu filho mais novo, nem no aniversário de oito anos do meu filho mais velho. E para que? Você sabe que eu não fiz nada errado. Meu crime foi ser gentil. Meu crime foi salvar vidas e fazê-lo dentro da lei”, declarou o ativista Paul Watson, hoje, na saída da audiência com juiz de Nuuk, na Groenlândia, durante a qual soube que ficará preso por mais três semanas.
“O Japão foi condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça, condenado pelo Tribunal Federal Australiano, condenado pela Comissão Internacional de Baleias. Esta é uma operação criminosa. Como eles têm legalidade na Dinamarca para fazer essas acusações contra mim?”, acrescentou ele na conversa (gravada) que teve com seus colegas da Captain Paul Watson Foundation e da Sea Shepherd France.
“Não faz nenhum sentido. Mas o que o Japão e a Dinamarca têm em comum? Eles matam baleias!”, finalizou o capitão, agradecendo o apoio de todos que torcem por ele no mundo (assista ao vídeo no final deste texto).
Preso, por que?
O maior protetor dos oceanos – em especial das baleias – de todos os tempos está detido na penitenciária de Nuuk desde 21 de julho (contamos aqui), em cumprimento de um mandado de captura da Interpol emitido a pedido do Japão em 2012 (como contamos aqui).
Ele foi preso quando atracou no porto para abastecer o barco de sua fundação, que seguia ao encalço do maior e mais perigoso navio baleeiro, o Kangei Maru, construído pelo Japão ao custo de US$ 48 milhões e lançado ao mar em junho. O objetivo era interceptá-lo ao norte do Oceano Pacífico, e “encerrar suas operações”, contou Watson ainda na capital irlandesa, antes de partir.
O Japão acusa Watson por danos a um navio e ferimentos no rosto de um marinheiro, ao jogar bomba de ácido butírico, que é corrosivo. Ambos os atos teriam sido cometidos a bordo de um navio baleeiro japonês em 2010, durante tentativa de impedir a caça a baleias.
A ação foi liderada pela Sea Shepherd, segunda ONG fundada por Watson em 1977 e da qual ele não faz mais parte. A primeira foi o Greenpeace, em 1971.
Mais 21 dias
Em 5 de setembro (como contamos aqui), um juiz de Nuuk “condenou” Watson a mais 28 dias de prisão, alegando que ainda aguardava a decisão do governo dinamarquês sobre o pedido de extradição do ativista feito pelo Japão.
A sentença terminou hoje, mas foi prolongada por mais três semanas, até 23 de outubro. O juiz que conduziu a audiência, novamente, se recusou a apreciar vídeos e outros materiais que os advogados de Watson dizem que desmontariam as acusações que estão na base do mandado de captura.
Watson nega as acusações do Japao e seus advogados dizem que têm provas suficientes para inocentá-lo. Mas o juiz de Nuuk se nega a analisá-las. Hoje, mesmo, ele teria dito (de acordo com a Fundação Capitão Paul Watson):
“Consideramos que os critérios para extradição foram preenchidos, de acordo com as acusações no mandado de captura japonês. Portanto, não faz sentido analisar outros documentos”.
A defesa, no entanto, foi autorizada a levar a detenção de Watson à apreciação do Supremo Tribunal da Dinamarca.
Por que tanta demora em decidir o destino de Watson?
“Este é um procedimento que envolve vários estágios legais, e o Ministério da Justiça está atualmente aguardando a avaliação legal da polícia da Groenlândia e do Diretor de Promotoria Pública”, explica Jonas Christoffersen, um dos advogados da equipe que atende Watson.
“Na nossa opinião, o tribunal da Groenlândia e o tribunal distrital da Groenlândia estão detendo Paul Watson sem saber do que se trata realmente o caso”, disse Christoffersen à Reuters.
Se ele for extraditado e julgado no Japão, Watson pode pegar pena de 15 anos, no mínimo, lembrando que ele tem 73 anos. Para seus advogados, não é possível confiar que o sistema judicial japonês lhe dará um julgamento justo, portanto, a Dinamarca deveria recusar o pedido de extradição.
Cabe ao Ministério da Justiça da Dinamarca a decisão final. Que seja em 23 de outubro e que, definitivamente, liberte Watson! Audiências que adiam a sentença parecem uma forma de tortura.
Até agora, a petição online divulgada pela Sea Shepherd Brasil angariou 37181 assinaturas. Assine e compartilhe!
A seguir, assista à declaração do ativista após a audiência e antes de ser levado de volta à penitenciária de Nuuk, divulgada pela Sea Shepherd Brasil:
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Foto (destaque): Captain Paul Watson Foundation/divulgação
Com informações da Sea Shepherd, da Captain Paul Watson Foundation e O Público