Mais um ano que se passa, e nesse Dia Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica traz, infelizmente, más notícias sobre os rios brasileiros. Num novo levantamento divulgado hoje (22/03) a organização revela que menos de 7% dos rios situados no bioma Mata Atlântica, onde mais de 70% da população brasileira vive, apresenta boa qualidade da água.
A análise foi feita entre janeiro e dezembro de 2022, quando foram realizadas 990 coletas em 160 pontos de 120 rios e corpos d’água em 74 municípios de 16 estados da Mata Atlântica. O levantamento indicou que em 75% dos casos a qualidade da água era regular, ruim em 16,2% e péssima em 1,9%.
Somente em apenas 6,9% dos pontos avaliados houve o registro de água como de boa qualidade. Em nenhuma das coletas o resultado apontou que a mostra era considerada “ótima”.
Ainda segundo os dados da edição 2023 da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, elaborado pelo programa Observando os Rios, o Rio Pinheiros, que corta a capital paulista e um dos símbolos da cidade, é o mais poluído entre todos os 120 monitorados.
Nos últimos anos, as gestões municipais e estaduais anteriores implantaram alguns programas na tentativa de melhorar a qualidade do Pinheiros, principalmente no que diz respeito a evitar que esgoto de residências e empresas seja jogado em suas águas. A companhia de abastecimento de água de São Paulo, a Sabesp, diz que desde 2019 650 mil imóveis na região ganharam acesso à rede de tratamento e mais de 85 mil toneladas de lixo foram retiradas de seu leito.
Mas o Pinheiros ainda está longe de ser considerado limpo. O fluxo lento dele não contribui para que a água seja oxigenada da maneira necessária.
“Ainda estamos distantes das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Água Potável e Saneamento (ODS 6), preconizado para 2030, e da universalização do saneamento básico, previsto para 2033. Os rios monitorados refletem a urgência de ações voltadas à restauração florestal, ao saneamento básico, aos compromissos do Brasil com o clima e à governança de forma inclusiva e participativa”, ressalta Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios.
Mas não há só más notícias. O estudo mostra que o córrego do Sapateiro, também em São Paulo, teve uma melhora em sua nascente devido a ações da prefeitura em parceria com entidades e movimentos da sociedade civil. Outro destaque positivo é para o rio Balainho, em Suzano (SP), que passou por obras de infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto.
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Foto de abertura: Richard Kuesters/Creative Commons/Flickr