A barbárie vivida pela garota de 16 anos numa favela do Rio de Janeiro, no final de maio – quando 33 homens a violentaram com a conivência do ex-namorado -, era o que faltava para levar a sociedade à revolta e à mobilização. Duro dizer isso, mas o fato é que nenhuma tragédia anteriormente noticiada – como a das garotas vitimas de estupro coletivo no Castelo do Piauí há um ano (uma delas sofreu traumatismo craniano) ou da adolescente de 15 anos presa no interior do Pará, em 2007, numa cela com 30 homens por 26 dias, por ordem de uma juíza! – mexeu tanto com homens e mulheres levando-os à ação.
Mas claro que só dá pra celebrar que, logo após a tragédia, muita gente foi às ruas e se uniu para criar ações e movimentos capazes de transformar a realidade e acabar com a Cultura do Estupro no Brasil. Não importa se são pequenos movimentos ainda, o que importa é fazer, agir. Afinal, a cada 11 minutos uma pessoa do sexo feminino (menina, adolescente ou adulta) é violentada no país, de acordo com o 9º. Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. E esse número representa apenas 35% dos casos reais já que a maior parte das mulheres não denuncia o crime por vergonha ou medo.
Essa realidade ainda trouxe à tona a falta de informação e a ineficácia no atendimento às vítimas, que também é um dos motivos para que a denúncia não seja feita. As sequelas de tanta violência são imensuráveis, mas, por meio de acompanhamento psicológico, é possível ajudar as mulheres violentadas a passar pelo trauma e a transformá-lo.
Foi por isso que o coletivo #AgoraÉQueSãoElas se uniu à organização Nossas Cidades para lançar o Mapa do Acolhimento, plataforma que promove e facilita a conexão entre as vítimas de violência sexual a profissionais voluntárias especializadas, como terapeutas. Mas o espaço vai além já que abre espaço para outras voluntárias participarem, mesmo que não sejam terapeutas.
Nesta primeira fase do projeto, as profissionais interessadas em oferecer seus serviços – de forma contínua e gratuita – e as voluntárias que quiserem colaborar com a avaliação dos serviços públicos de sua cidade, podem se inscrever no site. Em breve, será a vez das mulheres vítimas de violência sexual se inscrever para receber atendimento.
Espalhe essa ideia porque “mexeu com uma, mexeu com todas”, como gritaram mulheres em várias partes do Brasil nas manifestações do dia 1º de junho.
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