PUBLICIDADE

Mais de metade dos manguezais está em risco de colapso até 2050, conclui primeiro estudo global

Mais da metade dos ecossistemas de manguezais do mundo estão em risco de colapso. É o que revela a primeira avaliação global de manguezais realizada com base na Lista Vermelha de Ecossistemas da International Union for Conservation of Nature (IUCN) ou União Internacional para a Conservacao da Natureza (UICN), classificando-os como ‘Vulnerável’, ‘Em Perigo’ ou ‘Criticamente em Perigo’.

(Há oito categorias de risco para ecossistemas: Não avaliado (NE), Dados deficientes (DD), Pouco preocupante (LC), Quase ameaçado (UNT), Vulnerável (V), Em perigo (EN), Criticamente em perigo (CR) e Colapsado (CO)). 

Esta é a primeira vez que um ecossistema é avaliado em todo o planeta com base na Lista Vermelha da IUCN, padrão global que mede o estado de conservação dos ambientes.

PUBLICIDADE
Foto: Leonardo Merçon

O estudo foi liderado pela organização e envolveu mais de 250 especialistas baseados em 44 países, provenientes de instituições de investigação, entre elas a Comissão de Gestão de Ecossistemas e Comissão de Sobrevivência de Espécies (ambas da UICN) e a Aliança Global de Manguezais (Global Mangrove Alliance).

Divulgada no Dia Internacional da Biodiversidade, em 22 de maio, a pesquisa indica que 19,6% dos mangues avaliados estão ameaçados pela desflorestação, pelo desenvolvimento, pela poluição e pela construção de barragens, portanto, em alto risco de colapso, classificados como ‘Em Perigo’ ou ‘Criticamente em Perigo’.

E não há nenhuma perspectiva de melhora ou recuperação, muito ao contrário devido ao aumento do nível do mar e ao aumento da frequência de tempestades severas associadas às mudanças climáticas, que ameaçam 33% desses ecossistemas.

Foto: Fernando Sette/Câmara Pará

Grethel Aguilar, diretora geral da IUCN, ressalta que “a Lista Vermelha de Ecossistemas é fundamental para acompanhar o progresso em direção ao objetivo de travar e reverter a perda de biodiversidade, em linha com o Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal”. 

E completa: “Esta primeira avaliação global dos ecossistemas de manguezais fornece orientações importantes que destacam a necessidade urgente de conservação coordenada dos mangues – habitats cruciais para milhões de pessoas em comunidades vulneráveis em todo o mundo. As conclusões da avaliação irão ajudar-nos a trabalhar em conjunto para restaurar as florestas de mangues que perdemos e proteger as que ainda temos”.

Foram avaliadas 36 regiões diferentes chamadas províncias (veja áreas delineadas onde existem mangues indicadas no mapa abaixo) para identificar ameaças e risco de colapso.

No Brasil, os manguezais localizam-se na faixa litorânea, do Amapá até Santa Catarina, formando-se nos pontos onde há encontro das águas dos rios com as do oceano. Por isso, suas terras são alagadas e o solo é bastante rico em compostos orgânicos, trazidos pelos rios. De acordo com o mapa da IUCN, os mangues da costa brasileira são os de “menor preocupação” (menor, não nenhuma!) em relação a ameaças, em comparação com o mundo. As regiões mais críticas estão nos Estados Unidos e na Índia.

Áreas globais de mangue
Mapa: IUCN/divulgação

Se, até 2050, não forem implementadas mudanças significativas para a proteção dos mangues, a IUCN alerta que as alterações climáticas e a subida do nível do mar resultarão na perda de : 
– “1,8 mil milhões de toneladas de carbono armazenadas (17% do total atual de carbono armazenado nos mangues), atualmente avaliadas num mínimo de 13 mil milhões de dólares a preços de mercado, nos mercados voluntários de carbono e representando um custo para a sociedade igual a 336 mil milhões de dólares com base no custo social de carbono; 

– proteção de 2,1 milhões de vidas expostas a inundações costeiras (que significam 14,5% das pessoas que vivem nessa situação) e 36 mil milhões de dólares em proteção de propriedades (que significa 35,7% dos atuais valores de propriedade protegidos); e 

– 17 milhões de dias de esforço de pesca por ano (14% do atual esforço de pesca é suportado pelos mangues)”. 

Mangue em praia na Península de Maraú, Bahia
Foto: Mônica Nunes

A avaliação conclui que, em todo o planeta, a manutenção dos ecossistemas de mangues será fundamental para mitigar os impactos das alterações climáticasMangues saudáveis driblam a subida do nível do mar e oferecem proteção contra impactos de furacões, tufões e ciclones

Os resultados do estudo da IUCN identificam os principais fatores que contribuem para a degradação dos mangues e podem ajudar a orientar futuras avaliações e ações nacionais para proteger e restaurar estes delicados ecossistemas

A avaliação também será vital para a concretização de compromissos globais como o Mangrove Breakthrough – que é um apelo à aceleração da ação e do investimento por parte dos governos, do setor privado e de atores não estatais para um dos ecossistemas mais subprotegidos e ameaçados do planeta -, que visa garantir o futuro de 150 mil km2 de mangues.

A avaliação conclui que a manutenção da integridade do ecossistema ajudará os manguezais a resistirem aos impactos das alterações climáticas. 

Preservar suas florestas e restaurar áreas perdidas, por exemplo, aumentará sua resiliência. Manter os fluxos de sedimentos e permitir espaço para que os mangues se expandam para o interior, ajudará esses ecossistemas a lidarem com a subida do nível do mar. 

A Lista Vermelha de Ecossistemas

Estabelecida em 2014, a Lista Vermelha de Ecossistemas (RLE), a IUCN, é um padrão global de avaliação sobre o estado de conservação dos ambientes, aplicável em nível local, nacional, regional e global. 

Funciona como ferramenta para avaliar e monitorar a “saúde” dos ecossistemas globais, as ameaças que estes ambientes enfrentam e formas de reduzir os riscos e a perda de biodiversidade. 

E ainda complementa outras ferramentas de biodiversidade oferecidas pela IUCN, como a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, a Base de Dados Mundial sobre Áreas Protegidas e a Base de Dados Mundial de Áreas Chave para a Biodiversidade

Por tudo isso, é o principal indicador do Marco Global de Biodiversidade de Kunming Montrealadotado na Conferência da Diversidade Biológica da ONU, em dezembro de 2022.

* Existem oito categorias de risco para cada ecossistema. São eles: Não avaliado (NE), Dados deficientes (DD), Pouco preocupante (LC), Quase ameaçado (UNT), Vulnerável (V), Em perigo (EN), Criticamente em perigo (CR) e Colapsado (CO).

Estação Ecológica de Carijós, em Florianópolis, Santa Catarina
Foto: acervo do SESC Carijós

______

Agora o Conexão Planeta também tem um canal no WhatsApp. Se você quiser se inscrever para receber nossas notícias, acesse esse link, ative o sininho e receba as novidades direto no celular

Com informações da IUCN

Foto (destaque): Fernando Sette/Câmara Pará

Comentários
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Notícias Relacionadas
Sobre o autor
PUBLICIDADE
Receba notícias por e-mail

Digite seu endereço eletrônico abaixo para receber notificações das novas publicações do Conexão Planeta.

  • PUBLICIDADE

    Mais lidas

    PUBLICIDADE